segunda-feira, 30 de abril de 2012
Foda-se! (nº76)
Eu - Vou hoje tratar do cartão de cidadão.
Mãe - Olha que eles depois tiram-te lá uma fotografia.
Eu - Sim, eu sei, a foto para o cartão.
Mãe - Por isso trata de tirar os brincos. Fica mal.
Eu - Não tarda dizes-me para fazer também a barba, não?
Mãe - Pois!
Eu - É só uma fotografia para um cartão, que interessa?
Mãe - Olha que com uma foto assim no cartão de identificação ninguém te dá emprego!
Eu (foda-se)
The days will drag until the years amass
A questão não está na repetição. Tudo se repete. O que importa é a intensidade da repetição.
Pensamentos Divergentes (nº279)
Quando morrer do coração
quero ser conhecido por todos sem excepção,
após merecidos festins e tributas,
como Santo Padroeiro das Putas,
Rei dos Degenerados
e Compincha dos Estuprados.
Pensamentos Divergentes (nº278)
Lá na rua é corriqueiro
o viver de cada seu cidadão
e da vizinha ao padeiro
toda a gente sabe qual é a sua profissão
A Maria trabalha à noite
pega em quem só ela pode amar
e quem desgosta que não se afoite
ela não tem nada que enganar
Há muitos homens casados
cuja mulher não sabe o que faz
e aparecem-lhe lá frustrados
dizem-lhe que ela é que é mordaz
E a Maria ama todos
mesmo que só de soslaio
os trocos é que são poucos
chega p'rá sopa e p'ró catraio
Pensamentos Divergentes (nº277) - só para ser parvo
por nunca encarar
por sorrir só pelas metades
por falar pelos cantos da boca
ao cantar entortam-se-me os lábios
tenho a boca diagonal
e de estante assim caem as palavras
objectos mal cuidados
de carpinteiro amador
ando a tentar alinhar a minha boca
com esquadros feitos de mim.
o meu dentista já me disse que a continuar assim
para escovar os molares tenho de entrar pelo olho
domingo, 29 de abril de 2012
Pensamentos Divergentes (nº276)
zoando xadrezados voos
ubiquas teias saram retracteis queixas
primaverando outras nefastas madrastas
longínquas janelas irrompem
horas gerando feras encantadas
diante crisálidas benzendo amor
sábado, 28 de abril de 2012
Pensamentos Divergentes (nº275)
astros bizarros
coloridos de elásticos fascínios
gerando habilidosa inveja justificada
longas martirizadas noites
onerando passados queloides
reconhecidos sem trepidação
um vil xeque-mate zebuíno
Wake me up tomorrow
Este dia sabe-me a agridoce.
Carta ao Desespero
Fascina-me a nossa capacidade para a negação. Somos todos loucos nesse sentido. Porque só vivemos entre inevitáveis tragédias que nos são impostas pela realidade e a loucura está em esquecermo-nos das tragédias do passado e agirmos como se não nos esperassem novas tragédias no futuro. Tapamo-nos com essa loucura benéfica para manter alguma da sanidade - usamos a doença para nos vacinarmos de uma pior doença. Por essa tua loucura ser maior, vives mais que eu. Eu, na procura do real, vivo num constante terror do mundo e de mim mesmo. E de ti. Fico zonzo deste periclitante balanço do universo num gume de acaso. Fico com medo de escorregar, um pouco como alguém que se apercebe da velocidade a que o planeta se move pelo cosmos e o primeiro impulso é agarrar-se a alguma coisa para não ser cuspido em direcção do vazio negrume que se esconde à espera. Mas há momentos em que cedo a essa cristalina insanidade. Sempre que amo e sempre que sorrio. Se comigo tudo isso parece mais pesado é por isto que te conto e porque rapidamente me apercebo que baixei a minha guarda. Falta-me a prática de quem não tem medo da sua loucura. E de viver.
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sexta-feira, 27 de abril de 2012
Manifesto de 1/4 de vida
Não há dia que passe em que eu não veja as notícias e me depare com uma nova medida do governo ou uma nova estatística e me dê um ataque de pânico. O meu miocárdio já viu melhores dias. E eu sei que este blog está-se a tornar uma chatice porque agora em cada dois textos há um em que me queixo ou do desemprego ou falo da minha ansiedade com isso. Mas perdoem-me só mais esta vez.
É que lembrei-me de algo que escrevi há cerca de dois anos atrás neste blog mas nunca cheguei a terminar/publicar. E neste reencontro com o passado encontro alguma calma para mim próprio e que também vos poderá ser útil a vós.
Manifesto de 1/4 de vida:
- Não esquecer de como era ser criança. Da euforia da descoberta e da frustração da falta de autonomia. Não me esquecerei das coisas boas e, talvez ainda mais importante, das más. E com cada criança lembrar-me-ei que em breve essa criança será um indivíduo e que a forma como interagimos com ela irá contribuir para esse indivíduo.
- Não vou deixar de acreditar nas novas gerações. Não me vou esquecer que já quando eu era mais jovem diziam que a minha geração estava perdida e nenhum de nós se aproveitava - a acreditar nisto, os jovens deste mundo andam a ficar cada vez mais selvagens há milhares de anos. Vou-me lembrar que cada geração tem sido mais moral que a anterior e o resto são colchões que as pessoas criam para se conformarem com a sua estagnação.
- Não me posso esquecer que o coração tende a ficar negro com a idade. Não posso deixar de lutar contra isso.
- Vou tentar melhorar o mundo à minha maneira. Se não souber qual é a minha maneira devo-me a mim próprio descobri-lo custe o que custar, demore o tempo que demorar.
- Os meus pais fizeram o melhor que puderam comigo, mas o seu melhor não foi o suficiente. Porque o melhor nunca é o suficiente. Se tiver filhos meus tenho a obrigação de fazer muito melhor do que eles, e devo fazê-lo apesar de saber que o meu melhor também não será o suficiente.
- Não me vou deixar convencer que já não tenho idade para fazer certas figuras. Qualquer que seja a minha idade, há maturidade em não nos preocuparmos com os outros pensam, mesmo que só de vez em quando.
- A vida é demasiado curta para desperdiçar com algumas coisas. Por vezes, essas algumas coisas são pessoas. Mesmo assim, não devo deixar de estender a mão a alguém que precisa.
- Em toda a minha vida haverá gente disposta a dizer-me que o melhor é deixar de lutar. A minha própria voz me dirá o mesmo. Não lhes darei ouvidos.
- O mundo torna-se mais feio quando envelhecemos porque desistimos de o tentar fazer bonito. Se formos todos artistas de vez em quando, principalmente uns com os outros, remamos contra a maré. Se formos suficientes, quebramos a maré.
- Há mais como eu. Ajudar um pouco não custa. Às vezes um abraço ou o reconhecimento do que eles estão a passar é que baste para aliviar a carga.
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Espera lá, eu tenho um blog?
Entre procura de emprego, problemas familiares, concentração noutros projectos e andar em corridas para conseguir participar em concursos literários este espaço ficou para trás nos últimos dias. Mas já estou de volta, acho.
E ah pois... 25 de Abril e quê...
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segunda-feira, 23 de abril de 2012
Foda-se (nº75)
Clicar para ver melhor |
E depois as pessoas pensam que eu estou a exagerar e dizem-me para ter calma quando eu digo que procurar emprego na internet me está a deixar maluco.
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Sim, mãe
São três da manhã e ainda nada mudou.
Esperas catatónico que um anjo te caia na fronte
para mudar a vida que só tu podes mudar
mas a verdade é que tu és inquilino da tua própria existência
e tudo o que fazes é andar no barco para onde a corrente te levar.
Vais fazer o quê
se toda a gente sempre te disse que és um inútil,
a única coisa que podemos fazer neste mundo é não levantar ondas
vais chatear os outros para quê
e para quê então chateares-te a ti próprio com coisas que não se podem realizar.
Arranjar um emprego e sobreviver.
Pagar as contas e talvez casar,
ninguém te pede mais que isso.
Nem precisas de ser feliz,
muito menos ser significante.
Pisamos todos o mesmo chão,
não penses que és mais que os outros.
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domingo, 22 de abril de 2012
All day long I'd biddy biddy bum
Não há dúvida que tenho sangue judeu.
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Já dizia a Bonnie Tyler
Todos os dias tenho desgostos de amor. O meu último grande desgosto de amor foi com a profissão que escolhi para mim próprio, mas não há dia que passe em que não tenha pelo menos um pequeno desgosto de amor. Uma vezes é com o meu país, outras vezes é com um novo álbum de uma das minhas bandas preferidas que acontece eu achar ser mais fraquinho, e ainda há outras alturas em que fico com desgosto de amor por ter estado a cozinhar uma refeição e não resultar como eu tinha imaginado. E todas as semanas tenho um qualquer desgosto de amor com o mundo ou quem nele habita.
Quando tive o meu primeiro grande desgosto de amor tinha os meus 16 anos e foi por causa de uma rapariga que me deu com os pés. Foi o primeiro e o maior. O que acontece com os desgostos de amor é que habituamo-nos a eles - não há outro remédio. Chegamos até a procurá-los pois eles são necessários para a vida. Ter desgosto de amor é simplesmente ter algo no qual se depositou carinho, tempo e afecto e acabou por não resultar como queríamos. E passar a vida a ter desgostos de amor, mesmo que pequeninos, é a capacidade de amar para além do amor.
Quem se quer proteger de desgostos de amor quer-se proteger de viver, porque só vive quem vive com o coração quebrado, que é para isso que ele serve - para ter algo para remendar, encontrar novo remendo e voltar a usar até se partir de novo.
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Out of college
Todos os dias é assim - música para jovens desempregados.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Pensamentos Divergentes (nº274)
enquanto contava as pestanas da eternidade
e a chaleira beijava a chávena
estátuas de bichos rastreiros
imitavam os seus passatempos
gritou em sorvedelas
pétalas marcadas a ferros de sono
capazes de enfrentar
a mais temível das razões
os animais selvagens que cobrem a noite
não deixam dormir
e quem se voluntariar para empurrar o horizonte
por ela enterrado será
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº584)
Não sei o que é pior, sonhar que estou presente no casamento de uma ex-namorada ou a realização de que estou a chegar a uma altura da minha vida em que essa merda há-de estar para acontecer.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº583)
A razão pela qual é tão fácil odiar os outros é porque a nossa experiência mostrou que é essa a melhor distracção para o ódio que possamos sentir para nós próprios.
terça-feira, 17 de abril de 2012
Foda-se! (nº74)
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segunda-feira, 16 de abril de 2012
My maps all backwards and my instincts poisoned
O pior da realidade e de quem habita nela estarem cheios de artifícios de papelão nem é a náusea da realização diária. É para sobreviver ter de por vezes vestir o pano falso para chegar ao fim do dia e retornar à sanidade.
Pensamentos Divergentes (nº273) - Dedicado a quem com tal se identificar
ainda eras um bebé e a tua avó já profetizava
uma afinidade pelas amarguras da vida
cresceste com todos a lamberem-te esse destino
a velha era mas é uma sabida...
Agora pintas quadros tão bonitos
mas só servem para entristecer
ser artista não dá em nada
uma engenharia é que te deixava viver
o teu pai foi ter com outra mulher
para desnecessários actos sexuais
a tua mãe sempre soube
que os homens são todos iguais...
Só que contigo para além do teu pincel
o falo é o teu único amigo
que a margarida é puta com todos
menos contigo
só de verem a tua cara
dizem-te não me venhas arreliar
e tu zangas-te com o teu rosto
cresces a barba só para te tapar...
O que nenhum deles sabe
é que para além do que se vê
o joão é louco e forte,
tem as cores à sua mercê
domingo, 15 de abril de 2012
Pensamentos Divergentes (nº272)
essas núvens
(nebulosas neuronais
espapaçadas em azul)
arrastadas
pelo freio da vista
antes neblina de choro
oculta em cachecol da íris
Para não voltar
A convicção do que digo desfia líquida com o tempo. Cada palavra tem menos significado que a anterior e assim no fim poderei falar e ficar calado ao mesmo tempo. Eu não sei quem sou. Os meus ouvidos não me ouvem e os meus olhos só me sabem mostrar o que eu não sou. Por isso vou ao poço dos lábios, onde te fui buscar um dia, como o jovem namorado de coração destroçado que pensa que se falar o suficiente, algures, tropeçará num conjunto de palavras que lhe trarão a rapariga de volta.
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Coisas Que Um Gajo Coiso (nº582)
"Para muitas pessoas sexo só é sexo como deve ser se no fim se odiarem a elas próprias"
sábado, 14 de abril de 2012
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Primeiro ri, depois chorei. Depois ri-me outra vez. E depois fechei-me sozinho no escuro a pensar na vida.
"Ao que o PÚBLICO apurou junto de fontes próximas do processo, a proibição das reformas antecipadas decretada sem aviso pelo Governo apanhou todos de surpresa, inclusive a Comissão Europeia (CE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). A troika não sabia nada sobre esta decisão do Governo e também ainda não analisou o impacto desta medida"
Deux petits chats...
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Le vrai cha-cha-cha!
Eu andava triste a pensar que eu era um inútil e que a minha vida era fútil, mas depois olhei para o espelho e descobri que assim até é mais divertido.
(música que nunca mais vai sair da minha ou das vossas cabeças)
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Pensamentos Divergentes (nº271)
as mãos pelo cabelo
e o cheiro a propaganda
do império de corações
ruídos à tua varanda
em quartetos irregulares
como o corpo comanda
e se o vento me acusar
de fraqueza
vale a pena para provar
a leveza
do teu vestido invejoso
da tua beleza
e dizes
com um sorriso que eu sei de cor
na nossa iminente destruição
que o amor cura todos os males
até o do nosso amor
por isso
retorna todas estas palavras para mim
porque aquilo de que eu te culpo
começou antes de ti
e acabará depois do meu fim
Fazer parte do clube
"I don’t care to belong to any club that will have me as a member" - Julius Henry Marx
Na nossa "sabedoria" popular perpetuam-se muitas frases falsas mas fáceis de decorar. São tão corrosivas que mesmo depois de constantemente rejeitadas levamo-las para o caixão, incapazes de as apagar da memória.
Uma delas é Quem não se ama não sabe amar o outro, que só pela simplicidade da afirmação se torna necessariamente numa falácia. Não é que a incapacidade de gostar de nós próprios nos impeça de gostar de outras pessoas, mas sim que a incapacidade de gostar de nós próprios nos possa impedir de deixar que os outros gostem de nós. E por isso é que se torna óbvio, só pela observação, que baixa auto-estima não é sinónimo de incapacidade ou incompetência em amar os outros - é simplesmente aquilo que é, uma dificuldade em gostar do próprio.
O que de facto acaba por acontecer é que quem não gosta de todo de si pode ter problemas específicos numa relação com um outro. Alguns procuram o amor e quando o alcançam logo o abandonam, pois pelo simples facto de um outro gostar deles esse outro perde valor por lhes dar aquilo que eles não consideram merecer. E é assim que uma pessoa passa uma vida procurando-se a si mesmo noutras pessoas, só para se encontrar e para se rejeitar de novo, só que desta vez de dentro para fora. Outros encontram a solução numa relação em que são tratados como lixo - como julgam merecer - encontrando por isso um equilíbrio numa relação que satisfaz o ódio que têm por si mesmos. Por último, uma minoria tem sorte e encontra alguém que lhes mostra, aos poucos, como é possível gostar de si mesmo. É raro, mas acontece.
Proponho portanto uma correcção (à primeira vista redundante mas infinitamente mais correcta) para a dita frase: Quem não se ama não sabe como se amar. E como quem não quer a coisa, no fim até podiamos juntar-lhe outra frase popular: Nunca é tarde para aprender.
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Coisas Que Um Gajo Coiso (nº582)
Espírito desportivo é continuar a jogar mesmo quando já se sabe que se vai perder.
Boa, já era sem tempo. Agora só falta prenderem as outras centenas de milhares de estupores que andam por aí. Incluindo os tais "homeopatas"
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quarta-feira, 11 de abril de 2012
Everyday is F***ING perfect
Em baixo? Quem, eu? Não, por cá está tudo bem, vês?
Pensamentos Divergentes (nº270) - Django & Gim
dobras-te sugestiva para arranjar o teu sapato
e mordes o lábio para sublinhar o espalhafato
que envias para a extremidades do meu corpo em desacato
e eu já não sou um puto,
toda a minha mente é lasciva,
mas pelos meus sintomas
brincar aos médicos é cura definitiva
pergunto-te se queres ser minha mais uma vez
que foi para isso que a nossa natureza nos fez,
temos muito para aprender desde a lição do último mês
e tu dizes Meu querido
não aprendi nada contigo
que não soubesse já
de brincar à volta do meu umbigo
beijamo-nos de seguida até eu ficar sem ar
corriges-me os erros até o Sol se levantar
e se a alguma conclusão eu no fim de tudo pude tirar
é que o teu coração é apenas
um acumulador de tensão
e eu sou só o utensílio
da tua masturbação
Never had a doubt I'm losing
Isto de me fechar em casa complementa os meus complexos e compleição.
terça-feira, 10 de abril de 2012
Clearasil
Eram sempre as raparigas bonitas e burras que eu queria foder. Foder só para foder. Porque com as outras até poderia imaginar fazer amor e até algo mais. Mas as bonitas e burras eram só para foder dada a oportunidade. Porque elas dar-me-iam algo que as outras nunca me dariam: a gabarolice genérica de uma virilidade estuporizada e uma proximidade em semelhança aos rapazes idiotas que eu invejara nos primeiros anos de adolescência. E cá dentro de mim vai sempre haver uma parte desse puto cromo e inseguro que a única coisa que quer é sentir-se normal, desejado e invejado.
Acabei por nunca ir para a cama com uma mulher burra (embora tendo em conta que as que foram para a cama comigo escolheram de facto ir para a cama comigo, esse aspecto do seu carácter esteja aberto para discussão) e não tenho grande pena. Agora quero apenas que mulheres burras queiram ir para a cama comigo, como se eu fosse um gajo como os outros. Porque de vez em quando ainda sou um cromo que de vez em quando quer que os outros pensem que é um gajo como os outros.
Pensamentos Divergentes (nº269) - Ses
talvez eu nem tenha de andar atrás de ti
e de tudo o que penso ter decidido para mim
para ser só um pouco mais como tu
talvez eu nem tenha de me roer cru
ou ter estes pensamentos de papel dobrado
para deixar o meu nome como recado
para um qualquer invisível coração
trago os bolsos cheios de coisas que não são
mas que poderiam ser
se as coisas fossem diferentes ao que são
e por isso é que vivo num mundo
que só é mais-ou-menos
um pouco cá
e outro acolá
How about just losing my edge
Não sou bom a esperar.
Satisfações
'Tu estás sempre insatisfeito' diz-me com um sorriso depois de eu explicar o que há de errado e do que se arma a minha depressão. 'É aquilo que te faz evoluir e faz com que queiras tornar-te melhor'. Pode até já ter sido verdade. Mas de onde virá esta letargia e esta incapacidade de seguir em frente, então.
A única razão pela qual Sísifo não abandonava a tarefa ingrata era por estar condenado a repeti-la - eu não tenho tais obrigações para com o meu destino. E tudo o que vejo à minha volta são castelo de merda que se desfazem se lhes toco. Há mudanças necessárias que vão para lá do reino daquilo que eu posso mudar. Não quero mais escrever, não quero mais desenhar, não quero mais tocar, não quero mais cantar, não quero mais ler, não quero mais pensar. Queria ser eu e simplesmente eu sem ter de ser mais que isso e que o meu eu fosse um eu que não meritasse ser mais que isso. Quero por uma vez completar algo, atingir algo, sem ficar aquém.
Ando a reinventar a roda usando só os meus dentes.
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segunda-feira, 9 de abril de 2012
Pensamentos Divergentes (nº268)
pequeno miúdo
de peito sisudo
onde te irão esses olhos levar
calças sapatos de adulto
andando às arrecuas
para não chegar onde tens de chegar
de onde veio a tua canção
pequeno miúdosonhador mudo
ainda vais aprender a falar
usando rimas
e coisas mais bonitas
para dizer o que tens a dizer sem magoar
quem te chamará de irmão
pequeno miúdoo sorriso é tudo
assim a vida é só para sofrer
se para ver alegria nos outros
te dispões a negar dela
para poder ter um melhor mundo para viver
sexta-feira, 6 de abril de 2012
terça-feira, 3 de abril de 2012
O gajo vai-se inseguro
Vou-me ausentar durante dois dias e peço-vos duas coisas durante a minha ausência:
- Deixem-me perguntas e mais perguntas no formspring para eu responder quando voltar. Perguntem claro está o que vos apetecer mas quem fizer perguntas mais interessantes ganha pontos. O que ganham vocês ao ganhar pontos? Nada, mas é uma forma de eu não me fartar outra vez disto do formspring e apagar de novo a minha conta.
- Deixem-me críticas/sugestões em relação a este blog e principalmente à minha escrita. Pode ser nos comentários deste post. Melhor ainda, se quiserem podemos conversar por mail. Estou interessado em todas as opiniões - amigos, inimigos e desconhecidos.
Um abraço e até breve.
Sair do coiso
Incómodo.
Inconveniente, até.
Da minha escrita até à minha personalidade e forma de conviver (com outros e comigo mesmo), são descrições frequentes que eu não abraço totalmente. Apesar de ver como conseguem ser sucintas e precisas.
Ando a tentar, sem grande sucesso, fugir dessas características e tornar-me algo mais. E talvez seja por isso que ando a falhar ultimamente, tanto na escrita como na vida.
Não é uma questão de "sair do armário" quanto à minha natureza amarga. É querer transformar o armário noutro objecto qualquer.
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Primeira Viagem
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Pensamentos Divergentes (nº267)
tenta
e facilmente verás
o traço raposa que dilui por trás do nosso caminho
mais tarde poderemos discutir os méritos e implicações
da facilidade de ver tão real aquilo que é imaginado
por agora,
beija-me.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Life lies a slow suicide
Acho que queimei os últimos cartuchos. E agora?
Pensamentos Divergentes (nº266)
Mais um trago da garrafa
- que forma tão banal que começar um poema
e eu que sou um génio
não consigo perscrutar o mais simples teorema
das acções
e consequências
de todos os dias comer da minha própria merda
Porque da minha vida
não há nada para mostrar
só um punhado de sonhos abortados
e a esperança de um eu que nunca vai cá chegar
e ninguém
me vê a cara
porque até a minha respiração teria de ser aprovada.
domingo, 1 de abril de 2012
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº581)
O Dia das Mentiras devia ser para relaxar dentro de um templo religioso, sentado debaixo de um escadote e afagando um gato preto, enquanto se bebem homeopáticos e se lê o horóscopo. Isto depois, claro está, de alinhar os chacras ao som tranquilizante das promessas de políticos.
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