Fascina-me a nossa capacidade para a negação. Somos todos loucos nesse sentido. Porque só vivemos entre inevitáveis tragédias que nos são impostas pela realidade e a loucura está em esquecermo-nos das tragédias do passado e agirmos como se não nos esperassem novas tragédias no futuro. Tapamo-nos com essa loucura benéfica para manter alguma da sanidade - usamos a doença para nos vacinarmos de uma pior doença. Por essa tua loucura ser maior, vives mais que eu. Eu, na procura do real, vivo num constante terror do mundo e de mim mesmo. E de ti. Fico zonzo deste periclitante balanço do universo num gume de acaso. Fico com medo de escorregar, um pouco como alguém que se apercebe da velocidade a que o planeta se move pelo cosmos e o primeiro impulso é agarrar-se a alguma coisa para não ser cuspido em direcção do vazio negrume que se esconde à espera. Mas há momentos em que cedo a essa cristalina insanidade. Sempre que amo e sempre que sorrio. Se comigo tudo isso parece mais pesado é por isto que te conto e porque rapidamente me apercebo que baixei a minha guarda. Falta-me a prática de quem não tem medo da sua loucura. E de viver.
sábado, 28 de abril de 2012
Carta ao Desespero
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01:55
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1 comentários:
Don't fear happiness. You'll never reach it.
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