tag:blogger.com,1999:blog-36405739149875519532024-03-05T06:05:45.271+00:00O Mundo Hipotético dos Se'sSelling my soul to the blog devilThttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.comBlogger3488125tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-34003838177737238162022-09-14T01:08:00.000+01:002022-09-14T01:08:20.247+01:00<p>(puxa os atacadores<br />olha a audiência)</p><p>num palco de dor pronto a salivar<br />a dança que faço é uma chave que se contorce</p><p>tc-tc-trac</p><p>é medo que me move?<br />ou um holofote de enxaquecas de falsas revelações/<br />não gosto de amarras<br />mas o seu conforto dá descanso ao maxilar</p><p>(faz uma vénia<br />observa o horizonte final)</p><p>sei tudo num momento</p><p>e o momento foi-se.</p>Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-88998893509789619472022-08-30T22:35:00.002+01:002022-08-30T22:35:39.209+01:00Densamentos Pivergentes<p>Saudades </p><p><span> de fumar</span></p><p>de não vestir um fato que disfarça um facto,</p><p> a consciência livre ,</p><p><span> </span>de que cada segundo de existência </p><p>é ridículo.</p><p><span> </span><span> </span><span> </span>É no reflexo da morte que me vejo mais lúcido.</p><p><br /></p><p>Que egoísmo.</p><p><br /></p><p><span> </span><span> Viver para lá da insignificância</span><br /></p><p>para usufruir de mais um amor, mais uma amizade, mais um copo.</p><p><br /></p><p><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Como tudo devia ter acabado antes do começar.</p><p><span> </span></p><p><span>Porque depois do começar</span></p><p><span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> já só há um infinito.</span><br /></span></p>Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-42226367459630499222022-01-07T01:26:00.000+00:002022-01-07T01:26:15.686+00:00<p>cada palavra que alguma vez disseste<br />é um condutor solitário.</p><p>mãos no volante e linhas verticais no horizonte,<br />pedal a fundo, luzes rubi,<br />cantando desde criança como se fosse oração</p><p>"queria estar noutro lugar que não aqui".</p><p>desde sempre que a água me chegava aos pés e parecia que afogava.<br />não havia salpico que não merecesse pânico.<br />uma constante sensação de um terror iminente, com noites sem dormida num quarto sem guarida.<br />é que alguns de nós saem do ventre e só conhecem o esventrar. cotoveladas de amor pelo caminho, cantigas de carinho no focinho e um punhado de sonhos para constelar. </p><p>e não é minha natureza. mas juro por tudo.</p><p>queria amar-vos a todos.<br />amar-vos como se ama e como alguns amam sem pensar.<br />amar como se respira, como se fosse intuição e sem que eu tenha de me ensinar.<br /><br />amar como se fosse fácil.<br />como se fosse. inevitável.</p><p>mas o meu coração foi afagado em cimento<br />por homens com mais calos que eu e que usam máquinas em constante movimento.<br />e os dedos que uso são os dedos que escrevo,<br />mas dedos não chegam para escavar o pavimento<br />quando os joelhos esfolam no chão e todos vão olhar e ver só o não cabimento.</p><p>queria estar noutro lugar que não aqui.<br />não ter no sentimento esta lixa nem este rancor.<br />talvez aí pudesse estar ser melhor.</p>Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-4456901551967748902021-11-19T23:57:00.000+00:002021-11-19T23:57:11.128+00:00<p>não há guerra que traves que não tenha um trago a doçura</p><p>e eu aqui sem nada para oferecer se não linhas de costura num rosa fluorescente</p><p>vibrando em dores antigas disfarçadas de sabedoria - temporariamente</p><p><br /></p><p>mas tu vais ver em breve</p><p>que tudo o que o tempo leve</p><p>nunca foi teu realmente</p><p>e não vale a pena fazer frente</p><p>porque o que eles dizem não se escreve</p><p><br /></p>Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-23896487313864866792021-11-17T23:58:00.002+00:002021-11-17T23:58:30.216+00:00<p>quem é este que escreve</p><p>que não te via há tanto tempo</p><p>estás velho</p><p>e esse tumor no cérebro que antes seria uma egocêntrica metáfora</p><p>e agora é apenas um diagnóstico?<br /><br />está tudo bem</p><p>mas nunca esteve bem</p><p>diz-me lá, quem fazes de conta ser</p><p>fugindo deste que ainda, ocasionalmente, te assombra</p><p>qual de nós o real</p><p>e qual o funcional?</p><p>está tudo como tem de ser</p><p>e tu vais sobreviver</p><p>revisitas porquê o fantasmas?</p><p>precisas de velhos mecanismos de defesa?</p><p>"é porque pensas demais"</p><p>"é porque bebes demais"</p><p>"é porque não cuidas da tua cabeça"</p><p>queres abrir a porta, jorrar tudo para fora, ver o que as palavras te trazem quando as enxovalhas e as arrastas por cima do teu ser, para ver no papel o que elas tiraram de ti e te observares ao microscópio porque foi a única forma que descobriste de te descobrir - como um carimbo de angústia no qual te debruças para ver se é mesmo em angústia que escreves ou se é algo mais.</p><p><br /></p><p>mas basta isto. isto para que te odeies. para ver o narcísico em ti. a herança que não queres.</p><p><br /></p><p>não te queres sentir esperto.</p><p>não te queres sentir maior.</p><p>quem é este que escreve.</p>Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-12020165677816105852017-05-16T00:03:00.003+01:002017-05-16T00:03:26.502+01:00Pensamentos Divergentes (nº 347)<div>
<br />de todo o dialecto entre nós</div>
<div>
e as estrelas e as mós </div>
<div>
faz-me espécie este saber de não sabendo</div>
<div>
correndo entre os vértices da barriga do não dizer</div>
<div>
<br /></div>
<div>
estás? o que estás? </div>
<div>
estás aquilo que sei que estás mas que posso estar errado?</div>
<div>
<br /></div>
<div>
dói-me a planta do pé da existência e da insistência do doer de existir.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
cai-me só em eco no colo</div>
<div>
((((e faz de conta faz de conta faz de conta faz de conta que))))</div>
<div>
duas mãos são o que basta para mudar o mundo</div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-26419721358064237282016-06-30T20:53:00.001+01:002016-06-30T20:55:33.277+01:00Pensamentos Divergentes (nº 346)<br />
vai-te merda foda-se o caralho da tiazinha,<br />
que as profundezas do meu, uh, vasto intelecto, também me permitem uma eloquência bonitinha<br />
esporra nessa boca olho de cu diabo te carregue<br />
cogito e julgo que falando os dois assim, quiçá, dinamicamente, permitirá que a inteligência se pegue<br />
<br />
come diarreia de um burro na açorda<br />
- é a manipulação política das massas que permite este contexto de crise, não concorda?<br />
caralhinhos te mordam nos ovários da avó<br />
você dialoga como um entendido e fica aqui entendido o que eu penso da sua punheta rococó<br />
<br />
eu não QI na tua esparrela<br />
agora engasga-te na tua esporradela.<br />
<br />Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-76794514308629755312016-06-30T20:30:00.001+01:002016-06-30T20:32:21.504+01:00Pensamentos Divergentes (nº 345)<br />
são aquelas particulazinhas<br />
de nojo e verdade e mais nojo outra vez<br />
nas periferias da garganta<br />
que fazem a gente afogar a goela mês a mês<br />
<br />
por isso venha um copo de whisky,<br />
e batuca os silêncios no tampo da mesa<br />
com esse orvalho de preocupações<br />
que cuidadosamente borrifas na tua testa<br />
<br />
sem perceber que sou eu quem se está<br />
a borrifar<br />
para ti.<br />
<br />
<br />
<br />Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-7425596405735653392016-05-25T22:58:00.002+01:002016-05-25T22:58:52.622+01:00os mortos não falam por isso cala-te<br />
se tudo correr bem ainda vais fazer dinheiro depois de morrer.<br />
encher a boca de pó em vez da barriga de vermes que armazenaste a vida inteira.<br />
encher a boca de pó para cuspir o que não tiveste a dizer.<br />
e quando as raízes das árvores fizerem música com os teus ossos todos vão festejar a ausência de culpa em não saber o teu nome, a tua profissão e o teu número fiscal.<br />
e já não vai haver ninguém para se lembrar que se esqueceu de ti<br />
e podes não ser, feliz, para sempre<br />
porque o que morre é a lembradura de ti<br />
mas o viver do teu esquecimento é eterno.Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-22352511417799608362016-05-25T22:41:00.004+01:002016-05-25T22:41:39.834+01:00Pensamentos Divergentes (nº 344)<br />
Perguntas-me porque bebo tanto.<br />
<br />Como quem pisa cuidadosamente cartuchos de tiros passados<br />
para não acordar os pássaros que dormem no ninho.<br />
<br />
Ou como os putos que fazem do coito um canto, de costas virados para que não lhes vejam o esconderijo.<br />
<br />
E o vinho.<br />
<br />
"Agora és tu a apanhar".<br />
<br />
Fazemos de conta que se esquece, quando cada trago serve para recordar o que na sede nos enlouquece:<br />
<br />
A verdade sobre nós tão difícil de expressar.<br />
<br />
E a perder,<br />
sem me perder,<br />
faço a silenciosa aposta.<br />
<br />
Porque as perguntas mais difíceis de responder<br />
são aquelas às quais nós sabemos a resposta.<br />
<br />
<br />
<br />Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-23663607310443351322015-10-16T21:42:00.002+01:002015-10-16T21:42:51.041+01:00Durmo<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Destes nossos gestos sem lei, vimos uma regra mais antiga que o tempo beijar a fronte dos nossos antepassados. Nada mais que grilos falantes, tentando afastar a noite com canções de insónia enquanto os soldados da miséria cosem novas cordas nos seus lábios, com o único propósito de tocar violinos de amor não falado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E perguntas-me tu que espero eu retirar do balde que faço descer no poço. Que posso eu trazer à luz do buraco escuro que me sustem a sede.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas quando a máquina terminar o seu trabalho e as viúvas retornarem a casa, serão os botões a pratear as pálpebras com que teço o meu fim. Porque a olhar para o mundo, um dos pestanejares será o último. Só que eu não sei qual.</div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-54648953590688350392015-07-07T23:21:00.003+01:002015-07-07T23:21:49.496+01:00Estava só. Li. Deu dó.<br />
<div style="text-align: justify;">
Se podíamos ter feito diferente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez. Mesmo que não tivesse feito a diferença, podíamos ter feito diferente. Transformar os infinitos entre os átomos e os vazios de crença que caem em cascata sempre que não nos falamos a nós mesmos. E um ao outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Saber dizer-te, a um ritmo só. Saber que te dizer quando perguntas sem falar que foi que me aconteceu para ser como sou... sem me querer mudar, claro. Se foi o que me fizeram que me fez como sou.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nada aconteceu, na verdade. O mesmo que a ti. O mesmo que a todos nós.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi só um espirro estelar. </div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-27499541698968456892015-06-14T01:38:00.000+01:002015-06-14T01:39:16.087+01:00Canção de embalar<br />
<div style="text-align: justify;">
O melhor é viver esta morte que pede colo de braços estendidos. Aceitar de bom grado o trago de tristeza que adormece a boca e ensurdece o embalar de amor do sono que evitamos. Passo a passo sem pisar as falhas - na dança de quem não consegue aguentar mais um único olhar. Esticados em linhas de som, à espera de secar no vazio do sempre. Tudo melhor que ficar preso a esta veia de dentes cerrados e fome de começar de novo, começar de novo, começar de novo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
O melhor é viver esta morte que pede colo de braços estendidos. Trocar a ordem do cagar e transformar a merda em ouro sem sujar as mãos. Não fosse ser português falar de tudo o que nos faz tristes sem mostrar mesmo o que nos vai na alma. Encobrir o pior com o apenas mau, um confortável leito de porcarias que fazem todo o sentido por sermos quem somos. Agora tapa a boca. Vai dormir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-1650921956997615932015-05-06T22:39:00.003+01:002015-05-06T22:39:44.651+01:00Dois segundos<br />
<div style="text-align: justify;">
Quero chegar a velho para olhar para ti nos olhos e dizer:</div>
<div style="text-align: justify;">
"Olha para nós. Capazes de saltar grandes edifícios, mas ainda não aprendemos a encurtar a distância entre os dois estalidos de vida que os nossos corpos criaram".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quero ainda antes disso aprender a usar a linguagem de um beijo a uma língua só. Falá-la sem que seja preciso outra boca e com essas palavras húmidas de nada dizer tudo o que não precisa de ser dito mas que precisa ser ouvido, antes que as ondas cheguem e arremessem os nossos ossos pela crosta terrestre, fazendo do nosso planeta uma maraca solitária em torno de um sistema solar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quero dormir em flores em pranto. Fazer de tudo o meu sol-e-dó.</div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-52312907042545628942015-04-10T23:47:00.000+01:002015-04-10T23:47:55.697+01:00Dragões e Castelos<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tira as pedras de dentro dos ouvidos e ouve-me gritar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Não, mãe. Eu não quero mais ervilhas. E não me mintas: lá fora há um dragão para eu montar".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A primeira vez que me lembro de lembrar, é à mesa. Dias em que em que a tristeza escorria lentamente em gotas nas janelas enquanto raspava o prato, plástico como a casa em que morámos. E se a tristeza não chovia cá dentro não é por causa da longa mentira de que as crianças só sabem ser felizes. Era porque ainda não tinha altura que chegasse para lhe abrir janela.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas é como toda a gente diz. Os miúdos crescem rápido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aos 8 anos. Foi aí a primeira vez que me lembro de querer morrer. E a partir daí, aprendi a não o dizer. Porque o trabalho de um adulto é proteger a criança do mundo. O trabalho de uma criança, é proteger os pais dela própria. E do que ela faz um adulto sentir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Está tudo bem. Esteve sempre tudo bem. São só coisas da minha cabeça.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque o meu coração é um T4, com duas aurículas e dois ventrículos onde qualquer um pode morar sem se fazer ouvir. E o meu amor é um ventríloquo que só grita pela boca dos outros. À espera de sussurros de ecos que queiram morar entre paredes, saltitando até ao tecto para um dia rebentar.<br />
<br />
Entra.<br />
Há espaço que chegue.<br />
<br />E lá fora há um dragão para montar.</div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-31784303242126140502015-03-29T17:40:00.001+01:002015-03-29T17:40:08.786+01:00Quando o amor toca<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dá-me um amor que não se cala. Um amor que me acorde pela manhã antes do despertador tocar e que me mantenha acordado de noite até à exaustão. Um ruído persistente que não deixa o coração em paz e que ponha os vizinhos a bater nas paredes em desarranjo. Quero um sofrer incómodo que fale mais alto que tudo o resto. Um barulho que afogue todos os outros. Até que um de nós ensurdeça.</div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-86954738073669414102015-03-26T21:04:00.002+00:002015-03-26T21:04:48.894+00:00Trinca<br />
Só quando saíste da minha boca é que ouvi o disparo.<br />
<br />
Um reflexo no escuro.<br />
Uma silhueta da alma de não-sei-quê a pairar entre os dentes. O cano do revólver a fumegar.<br />
<br />
Tudo são palavras. Mas nos seus espaços o abismo. E pudéssemos nós entrar nele. Cortar a linha salva-vidas num gerónimo mudo e tropeçar no nada. Entrar nele para talvez não voltar.<br />
<br />
Talvez aí fosse uma questão de tempo até que o tempo não importasse.Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-51129378381336290202015-01-26T23:11:00.003+00:002015-01-26T23:11:50.241+00:00Com amor, M.<br />
<div style="text-align: justify;">
Fui a única a segurar a tua mão enquanto morrias. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os teus olhos de medo flutuando à tona dos teus verdadeiros azuis, como se mais nada alguma vez tivesse existido. Rodopiando em lentos carroceis avariados, num movimento sincronizado com o teu primeiro - e último - sorriso ao contrário. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É sempre essa a parte que me deixa mais triste. E é também a minha preferida. O amor é mau quando acaba. Mas acaba sempre. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sempre precisei de companhia. Mesmo que breve, mesmo que não desejada. Ser amada de volta é raro, mas é bom ter alguém para desejar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em troca, podes esquecer todas as tuas lutas e dívidas. Que a última dívida que cumpres, é aquela que te dão ao nascer.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-12281243971339999222015-01-19T22:34:00.002+00:002015-01-19T22:35:35.860+00:00Resoluções de Ano Velho<br />
<div style="text-align: justify;">
Não sei, nem nunca saberei, como é com as mulheres. Mas tornas-te num homem quando tens medo dos homens que vieram antes de ti. Principalmente quando esses homens foste tu mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há algo de perverso nas resoluções de ano novo. São promessa que, do hábito de não se cumprirem, se fazem e se quebram sem que pese a consciência. Porque o resultado é o mesmo, apresento-te as minhas 10 resoluções de ano velho, na esperança que faça a diferença a pelo menos um de nós.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<ol>
<li style="text-align: justify;">Prometo não ter engordado quilos que nem me dei ao trabalho de contar.</li>
<li style="text-align: justify;">Prometo que só fumei quando tinha mesmo de fumar e que isso é muito relativo.</li>
<li style="text-align: justify;">Prometo que não deixei de escrever. Porque foi por essa pessoa que te apaixonaste. E porque essa pessoa é das poucas em mim pela qual tenho algum respeito.</li>
<li style="text-align: justify;">Prometo que não te abandonei. Nem me esqueci de ti por um instante que seja.</li>
<li style="text-align: justify;">Prometo que não deixei de te apoiar naquele sábado de chuva em que precisaste.</li>
<li style="text-align: justify;">Prometo que não segui as pisadas do meu pai e que não bebi uma única vez para escapar de quem sou.</li>
<li style="text-align: justify;">Prometo que não deixei a minha alma solidificar.</li>
<li style="text-align: justify;">Prometo que não deixei de me esforçar por ser quem queria ser.</li>
<li style="text-align: justify;">Prometo que não fiz nenhuma promessa oca. </li>
<li style="text-align: justify;">Prometo não ter partido o teu coração e o meu 10 vezes que pareceram seguidas.</li>
</ol>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um brinde ao ano velho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-5422326228557908782014-12-13T23:33:00.000+00:002014-12-13T23:33:06.482+00:00O espelho<br />
<div style="text-align: justify;">
Contam-se pelos dedos o número de ossos que parti a esmurrar paredes. E tua cara lá pintada a vermelho, beijando em mudo as tuas eternas palavras. Um ódio que cresce, mas não aparece - a velha história do costume, com duas pernas que lhe falham e uma memória que já não é o que era. Para que fique acordado à espera de esquecer esta indigestão de sonhos. Este ouriço-cacheiro de lutas à flor da pele.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Deixa-me como a meia solitária no canto do quarto. Como o depósito de vinho barato no fundo do copo. Lançando desejos às costas de camelos para atravessar o Deserto que Sara deixou.</div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-54650962927957081012014-12-09T20:45:00.003+00:002014-12-09T20:45:46.931+00:00Pensamentos Divergentes (nº343)<br />
um ódio à medida na boca<br />
o aperitivo ideal para o prato principal<br />
drogas, mulheres e um punhado de nada<br />
tudo o que me possa manter no centro da estrada<br />
<br />
ó, vê como os pássaros fazem pouco<br />
de ti, de mim e de um azul sem fim<br />
enquanto o turismo do amor engorda a cada dia<br />
um revólver com apenas uma bala como seu guia<br />
<br />
mas os dias acabam em pandeireta<br />
só se ouve o fim quando ninguém tocaThttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-80278593549003562982014-12-09T19:48:00.000+00:002014-12-09T19:48:16.499+00:00A(u)ditivo<br />
<div style="text-align: justify;">
Semáforo. Luz. Passadeira. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ninguém dava por nada enquanto enviavas o teu amor em tanques de guerra fazendo marcha-atrás por toda a cidade. Tentando fazer piruetas só com os cotovelos e meio bolso de fé. Como as centopeias de palavras que te habitavam o cérebro. Como as senhas varridas do chão do supermercado. </div>
<div style="text-align: justify;">
Como a primeira vez que sentiste que um beijo não tinha sido uma arma.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todo o vazio à tua volta para te dizer aquilo que já sabias. Todos têm uma canção entre as orelhas que mais ninguém consegue ouvir. E o problema não é morrer sozinho. É não ter quem a oiça a tempo.</div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-39969627177274978272014-12-08T17:30:00.001+00:002014-12-08T17:30:37.390+00:00Try to forget all them enemies and debts<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="//www.youtube.com/embed/sD72LbIk02M" width="640"></iframe></div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-17090843672194001852014-11-16T16:49:00.001+00:002014-11-16T16:49:15.509+00:00Não procurar<br />
Não me leves a mal. Aliás, não me leves de todo se possível. Estou bem onde estou e tudo aquilo que digo deve ser tomado em intravenoso: gota a gota e nada se a saúde o permitir.<br />
<br />Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3640573914987551953.post-24513637709090437922014-10-25T15:31:00.001+01:002014-10-25T15:31:34.895+01:00Aeroporto<br />
<div style="text-align: justify;">
Só quando saíste é que dançou o pó que me alcatifava o pensamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
Dois pássaros ou dois leões. Um animal contra o outro ou é amor ou morte. Nunca a indiferença do universo. Aquilo que chamamos de paz.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Descansa o atordoar dos lábios. </div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto o mar pestanejar</div>
<div style="text-align: justify;">
haverão sempre salpicos a beijar as tuas pernas.</div>
Thttp://www.blogger.com/profile/15365266083696011223noreply@blogger.com0