quinta-feira, 31 de maio de 2012
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº601)
Ainda hei-de fazer uma tatuagem de um Ás de Espadas no antebraço, que é para ter sempre um ás na manga.
And the hardest thing about this love is that you're never comin' back
Maior parte das vezes não sinto saudades nenhumas de ser adolescente.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº600)
Quando bebo torno-me numa pessoa diferente com um conjunto de habilidades e capacidades diferentes das que tenho quando estou sóbrio.
Por exemplo, desmontei um corta-unhas. Nem sabia ser possível desmontar o corta-unhas. Mas agora não o consigo voltar a montar.
Quer isto dizer que durante uma curta janela de oportunidade, com suficiente álcool, posso tornar-me nisto:
Pensamentos Divergentes (nº294)
Quando era criança
olhava para os meus sapatos.
Olhava para os meus sapatos
esperando que eles falassem
como as crianças fazem com todo o tipo de objectos,
Porque ouvi dizer que os sapatos tinham línguas
e essas línguas tinham cordões
e se os deixasse por atar mais tarde ou mais cedo me iriam falar coisas que só sapatos poderiam falar.
Onde tinha eu estado
Quantas pastilhas tinha pisado
E o número certo de passos apressados em alegria que eu alguma vez tinha dado na sua companhia.
Agora sou homem
e os sapatos são só para calçar,
e já não fico em silêncio a escutar
o que um qualquer objecto inanimado tenha para contar.
E já não troco de sapatos como trocava,
deixei de crescer.
Os sapatos para os quais agora não olho teriam muito mais a dizer.
terça-feira, 29 de maio de 2012
Pensamentos Divergentes (nº293)
Diz a menina pura
da casta impermeável sociedade
que nojo isso de ser fufa,
escolher ser gay é uma imoralidade
Agarrada à sua melhor amiga
nas noites em que sai para a bebedeira
apalpa-a de alto a baixo
sob o pretexto da brincadeira
sonha constantemente com dois galopantes unicórnios
correndo sucessivamente um contra o outro sem alarme,
ambos envergando o seu bélico clítoris frontal
esgrimando o orgasmo numa trovoada de feminina carne
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Growing old under the gun
Quem diz que ser criança é ser inocente só lembra da sua infância o que lhe convém.
Paragem
Ouvi dizer que eras feliz. Que tinhas arranjado um bom emprego lá fora. E que eras feliz.
No canto de um quarto que já não existe, há fantasmas a dançar. Sem peso, pisam as palavras que dissémos enquanto o autocarro partia para nunca mais voltar. Um de cada lado da paragem.
E podíamos telefonar. Mas sabemos demais. Mais do que poderíamos admitir. E menos do que quem se ama ou se preocupa com destinos. E ninguém teria dito que estaríamos os dois vivos num dia como este.
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domingo, 27 de maio de 2012
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº599)
Sabedoria é perceberes que és uma pessoa extremamente ignorante e vais sê-lo até o dia em que morreres. Experiência é perceberes que o mundo está a abarrotar de gente muito mais estúpida que tu.
Problema e Solução
D - No outro dia quando falei contigo ao telefone estavas alcoolizado não estavas?
Eu - ... Eu falei contigo ao telefone?
D - Pois, pois.
Eu - Epá, esta dor de cabeça não passa e então bebi um ou dois copos de whisky para anestesiar.
D - Mas sabes que eram tipo 6 da tarde quando falámos, certo? E assim a essas horas...
Eu - Claro. Mas tu achas que eu sou estúpido? Tive de beber uns copos. Ia por-me a tomar paracetamol ou aspirina de estômago vazio? Isso faz mal.
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o gajo não é normal
I didn't go to see te city, I went to see it around you
Gosto de ti porque tu paras para me fazer ver as cores de um campo. E eu sempre fui de ver só aqueles bichos rastejantes no escuro que ninguém quer ver. E tu pareces nem saber que existem... Enquanto que eu não penso em mais nada.
Amor sóbrio num Sábado à noite
Prometia, pela forma de falar e pelo seu charme, ter experiência na arte. Falava-se de conquistas e mediam-se as conquistas a grosso modo pelo número. Era fanfarrão e ela gostava disso. Ela apaixonou-se por ele sem conhecer mais que as suas palavras e o carisma banal de quem sabe conversar na companhia de copos cheios de dedadas. Recorreram os dois à inevitabilidade magnética de um sofá abandonado à impulsividade do aroma a eroticismo latente.
Ele não era experiente a fazer amor - era experiente a vir-se e não sabia qual a diferença entre os dois. Nunca aprendera - porque nunca lhe interessara - a escutar os movimentos internos de um corpo que não o seu. Veio-se nela e foi-se o rebento de amor que nunca poderia crescer. Neste mundo, aborta-se o toque em prol do gesto.
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sábado, 26 de maio de 2012
O Ying e o Yang numa só página de notícias
" O Presidente da República, Cavaco Silva, admitiu nesta sábado que há jovens portugueses qualificados a procurar oportunidades de emprego na Austrália, mas disse preferir que estes fiquem em Portugal "
" Centros de emprego estão a oferecer trabalho a licenciados por 500 euros "
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Coisas Que Um Gajo Coiso (nº598)
A maldição do cromo: as raparigas adolescentes só te acham piada quando tu já não o és.
sexta-feira, 25 de maio de 2012
I can't help thinking about it
Ultimamente eu e a minha namorada temos uma conversa deste género pelo menos uma vez por dia.
Pensamentos Divergentes (nº292)
eu e os meus irmãos pela costa
à procura de amor
para resolver uma aposta
sobre o significado da vida
e o nível de beleza das flutuações de humor
depósito a meio
não fui eu que fiquei de errar
o coração cheio
porque as brisas são rameiras
que nos despenteiam para nos ajanotar
Pensamentos Divergentes (nº291)
Porque levas esse revólver na garganta
e apontas directo ao coração
deixando-me nua perante ti.
Nem me conheço quando estás...
E fico com o mundo inteiro por encontrar
quando ninguém está a ver...
Mas tu estás sempre a ver...
os teus olhos beijando o espaço
entre o meu ombro e o meu pescoço
terça-feira, 22 de maio de 2012
"It's not hard to listen"
Estou farto de disfarçar que sou gente. Se ninguém me solta ainda rebento em nitroglicerina e confeti e salpico as paredes todas com uma gota de cada cor. Eu devia era ter ido para estrela de Rock n' Roll.
Sou o número um!
Recebi hoje uma carta de amor por parte de uma entidade empregadora para a qual concorri para uma posição. Ao contrário de muitas outras entidades, têm a decência de incluir na carta qual foi exactamente o seu método de selecção, quantas pessoas concorreram e o porquê de terem excluído quem foi excluído.
Aparentemente este local em questão avalia o currículo, experiência profissional anterior e desempenho na entrevista segundo um sistema de pontuação que vai de 0 a 20 valores.
Eu tive 1 ponto.
Esta noite vou celebrar não ser um zero.
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Mind Blown
Passeando de carro com a minha Sobrinha
Sobrinha - Eu queria é outra daquelas pulseiras mágicas.
Eu - Quais?
Sobrinha - Aquelas dos desejos.
Eu - Como é que são?
Sobrinha - Dás três nós, um para cada desejo e tens de esperar que se derreta para que se cumpram.
Eu - Então e se o teu desejo for que a pulseira não se desfaça?
Sobrinha - ... Ai!
Eu (risos)
Sobrinha - Então... Os desejos não se cumprem.
Eu - Mas se o teu desejo é que a pulseira não se desfaça então cumpre-se. Mas ao não se desfazer também não se pode cumprir.
Sobrinha - ...
Sobrinha - ...
Sobrinha - Pois...
Sobrinha - Eu queria é outra daquelas pulseiras mágicas.
Eu - Quais?
Sobrinha - Aquelas dos desejos.
Eu - Como é que são?
Sobrinha - Dás três nós, um para cada desejo e tens de esperar que se derreta para que se cumpram.
Eu - Então e se o teu desejo for que a pulseira não se desfaça?
Sobrinha - ... Ai!
Eu (risos)
Sobrinha - Então... Os desejos não se cumprem.
Eu - Mas se o teu desejo é que a pulseira não se desfaça então cumpre-se. Mas ao não se desfazer também não se pode cumprir.
Sobrinha - ...
Sobrinha - ...
Sobrinha - Pois...
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o gajo não é normal
Pensamentos Divergentes (nº290)
A Maria leva-me até casa
leva-me por baixo da sua asa
e com aquele ar despreocupado
acusa-me de ser só mais um despenteado
acertando sempre as rachas no chão com o mesmo pé
e diz-me "Rapaz eu mostrava-te um bom bocado
se primeiro me mostrasses que podes ser o que nenhum de nós é"
E eu
sem querer ficar atrás,
digo "Maria só tu me vais compreender
quando neste caminho eu me derreter
porque todo este alívio que me dá quando tu não estás
é por tanto eu em ti me ver"
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Pensamentos Divergentes (nº289) - As palavras certas
Andava pelas ruas sem saber o que fazer à minha mão.
Na praça só se apressa quem tem fome, tal como os pombos que nela habitam e que correm pelo chão por se esquecerem que têm asas para voar. E a minha pressa era a da fome de guardar o tesouro que tinha na mão e guardar o seu segredo em casa onde o poderia admirar antes de pensar em mostrá-lo a alguém.
Brincavam entre os meus dedos palavras irrequietas às cem, impacientes por crescer e espantar com a sua beleza. Tudo na certeza de serem a solução para os problemas do coração e da tristeza. E eu, sem ninguém a ver, queria-as para mim para conquistar toda a gente ao levar à minha frente o seu poder de falar - seu amor em mim próprio folhado numa folha despejado para toda a gente ler.
Perdi-as no bolso das calças. Foram à máquina de lavar. E todos os dias agradeço essa desculpa para as continuar a procurar.
domingo, 20 de maio de 2012
It's just a feeling
Este mais cheio de ódio e de misantropia não sou eu. Pelo menos gosto de pensar que não.
Pensamentos Divergentes (nº288)
Um grito agrafado no escuro,
a noite ressaca das ruas namoradas pelos vagabundos
sonâmbulos de olhos especados nas pálpebras da loucura.
E tu,
de mão congelada ao lado do corpo,
para não dares por ti a agarrar no braço de um desconhecido
e implorar que te diga que não és real.
A palestra do sangue ecoa dentro de ti
soprada pelo frio que te abraça pelo lombo.
És bola de sabão
a flutuar ao capricho dos elementos
à espera de rebentar.
sábado, 19 de maio de 2012
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº597) - Anti-Darwin
O meu instinto de sobrevivência é uma treta. A prova disso é que tudo o que tem o potencial para me matar tem também o potencial para me causar erecções.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
6ª Feira
As noites frias são as mais perigosas e eu vou dizer-te porquê.
De copo na mão, usando a palhinha para misturar a bebida e que mais. Já disseste que é só um amigo mas vejo-te a tentação nos olhos nos instantes em que um sorriso te desarma. O corpo, de inquieto, é sempre uma aflição e com os ombros a descoberto é que baste para chamar quem te queira aquecer e quem queres que te aqueça. Ponho o meu braço à tua volta e é óbvio que não sou eu. Já se enganaram no meu nome e é por ele que tu chamas quando estás mais calada depois de te levar para casa no final.
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You'll never hear the song the same way again
Se não me arrependo de não termos mantido o contacto? A única coisa de que me arrependo é não me ter afastado antes.
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº596)
Um dia destes vou conseguir beber um copo de whisky sem ter de fumar um cigarro.
Pensamentos Divergentes (nº287)
o que te quero dar
é de um outro que não sou eu,
ficar cá contigo para sempre
e dar-te o que ninguém me deu
por isso não te deixes abalar
todos nós deixamos de sofrer
e não esvaias o teu sorriso em mim
se eu me matar antes de poder morrer
Amor frágil
Não podes largar que se largas ele pode ir-se embora. Foder as outras e as outras são tantas e são todas as que não são tu. Faz da cama o vosso lar barrotado. Os homens são uns animais e tu não vales nada. E se elas morressem todas ele olharia para ti e só para ti. Passa a vida a sonhar com um homem que julgas não existir e com uma versão de ti que não existe também. Serias tão feliz se as pessoas fossem todas umas que não são.
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quinta-feira, 17 de maio de 2012
Ela não entenderia mais nada
Não percebeu. É fácil ver como não percebeu.
Promessas de amor e dedicações plausíveis de um apaixonado outrora são - rasgava-se lento o odor da sua fome no ar. Vi-lhe a verdade nos olhos, sabes? A sua mais pura e completa verdade, brilhando num quase opaco latejar de visão. A aflitiva tentação de um par de braços que não se materializa por muito que se lhes reze a existência.
Falou de amor e de amar com corpo, alma e mente. E não percebeu que aí estava o problema e que são tudo o mesmo. É tudo corpo a experienciar-se a si próprio, ansiando por outro corpo como catalisador químico de paixão desenfreada.
E eu vi tudo. Ele não a conquistou porque queria agarrar-lhe esses fantasmas imaginados quando tudo o que tinha de fazer era agarrar-lhe o corpo e não largar.
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I'd only stand out like a sore thumb
Fugir dos problemas é sempre solução quando os problemas são o sítio onde estás.
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº595)
Por vezes acontecem coisas tão absurdas nos nossos sonhos que nos apercebemos que são impossíveis e que estamos a sonhar. Esta noite aconteceu-me isso mesmo porque "Não é normal ter tanta mulher atrás de mim".
Desde que acordei que achei isto tão triste que ainda não parei de rir.
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº594)
Peço desculpa pela minha súbita ausência. Tive a urgente missão de ir a Lisboa perpetuar o estereótipo de que os Alentejanos não sabem conduzir na cidade.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
I think that next summer, if we're still all alive, we should try to jump into some water and focus on getting high
Esqueçam tudo o que já escrevi neste blogue. A única coisa de útil que alguma vez poderei dizer é que parecemos menos feios ao espelho quando estamos a tentar ser dentro de um ano quem queremos ser dentro de um ano.
domingo, 13 de maio de 2012
Pensamentos Divergentes (nº286)
raiva
que me nasce da barriga
se estende nos meus membros
vem o medo da sombra que largo
me comer dos pés para cima
sábado, 12 de maio de 2012
Mister pants for romance is not
Este calor faz-me maravilhas à líbido, mas sem ar-condicionado quem raios aguenta copular assim?
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº593)
Aquele momento decisivo em que não sabes se é um pentelho ou se te caiu um cabelo mais encaracolado.
Pedro Passos Coelho tem razão
Não leram mal o título. Por grande que seja o meu asco pelos políticos portugueses, em particular pelos das direita e mais particular ainda pelo Passos Coelho, numa coisa ele tem razão. Afinal de contas, até um relógio avariado dá as horas certas duas vezes por dia. E eu sei que vocês não estão a gostar nada de ler isto mas dêem-me uma oportunidade para explicar.
É que como se lê no Público Online " O primeiro-ministro apelou hoje aos portugueses para que adoptem uma “cultura de risco” e considerou que o desemprego não tem de ser encarado como negativo e pode ser “uma oportunidade para mudar de vida” ". Começando pela parte final, é uma estupidez dizer a alguém desempregado para não considerar o desemprego como algo negativo, embora no seu mais básico seja verdade que isso pode ser considerado como uma oportunidade para mudar de vida. Falta de empatia por parte do primeiro-ministro à parte, estou de acordo com a primeira parte da afirmação de que os portugueses têm de ter um outro tipo de atitude, particularmente os jovens.
Uma das coisas mais difíceis de aprender é a não viver dominados pelo nossos medos e inseguranças. É das mais difíceis porque passamos pelo menos as primeiras duas décadas formativas da nossa vida a aprender o oposto. A ter medo de tudo e mais alguma coisa e a jogarmos pelo seguro; a agarrarmo-nos ao que não nos magoa mas que também não nos recompensa. E é assim que os catraios ficam proibidos de subir aos muros, os adolescentes entram em bons cursos da universidade com "saída profissional" mas que não lhes interessam para nada e os adultos não têm confiança para seguir em frente esmagados por tudo o que lhes correu mal na vida.
Uma das coisas mais difíceis de aprender é a não viver dominados pelo nossos medos e inseguranças. É das mais difíceis porque passamos pelo menos as primeiras duas décadas formativas da nossa vida a aprender o oposto. A ter medo de tudo e mais alguma coisa e a jogarmos pelo seguro; a agarrarmo-nos ao que não nos magoa mas que também não nos recompensa. E é assim que os catraios ficam proibidos de subir aos muros, os adolescentes entram em bons cursos da universidade com "saída profissional" mas que não lhes interessam para nada e os adultos não têm confiança para seguir em frente esmagados por tudo o que lhes correu mal na vida.
Fazendo-se as coisas às direitas (ignorando o oximoro), ensinavam-nos que podíamos fazer as coisas mal e que errar não tem nada de errado. Mas parece que desde os Descobrimentos que Portugal se veio a tornar num povo cobardolas, muito por culpa das estirpe da direita. Fazendo-se isto bem, tinham-nos ensinado antes a seguir as nossas paixões e tolices e quando isso não corresse bem incentivar-nos-iam para continuar a lutar em vez de estar lá para dizer "Eu não te disse?" ou "Vês no que te foste meter?".
Tenho 26 anos. Estou desempregado há pouco tempo, muito menos que grande parte dos meus colegas e amigos. E sempre quis escrever e talvez um dia fazer disso a minha vida e só agora estou a aprender, aos poucochinhos, a tentar saltar por cima daquele medo que me diz sempre para desistir e que não vale a pena tentar. É que nem é preciso ficar à espera que os outros façam pouco de mim quando eu falhar - fui tão bem treinado que faço isso a mim próprio. E não há nada que eu tema mais do que passar por ridículo, mas como diz o 'Tuga, quem não arrisca não petisca e eu já me fartei de me fazer passar fome.
Tudo isto à parte, não é só o desempregado que tem de lutar. Têm de haver algumas condições externas (culturais ou económicas) que recebam ou amparem quem precisa e quer arriscar. E não é isso que o primeiro-ministro quer fazer. Por isso, para vocês que se deram ao trabalho de ler tudo respirarem de alívio, no final deste texto deixo esta frase: o hipócrita do primeiro-ministro que se arrisque a ir apanhar no cu.
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sexta-feira, 11 de maio de 2012
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº592)
Os dias mais perigosos são aqueles em que eu não tenho medo das consequências de dizer o que me dá na gana dizer.
I know because the fuckers got me too
Dizes que o problema foi eu sempre ter sido um intelectualóide e pensar demais e não ter chegado a ser criança. Um menino prodígio com más notas por não se conseguir concentrar.
Eu cá acho que o problema é mais ninguém se aperceber desde cedo exactamente o quão fodido está para o resto da sua vida.
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o gajo não é normal
Pensamentos Divergentes (nº285)
o teu nome
desde aqui
só significa desespero
neste quarto sozinho
com o teu cheiro
em que as memórias escorregam das paredes
e rolam no chão para tropeçar
e com que cara posso eu falar
ou respirar
sílabas que não posso mais juntar
e tu
que já não vens
o mundo que não acaba logo
como é suposto
venha o seu fogo
para queimar tudo o que resta no nosso firmamento
minhas roupas esfarrapadas como eu
Romantonautas, espectadores impassívos e vítimas de amor à primeira vista
Quando nos apaixonamos por um desconhecido apaixonamo-nos não por quem é mas por tudo o que não é. O que apaixona é tudo o que a pessoa pode ser e portanto o amor que se sente é amor pelo desconhecido e pelas infinitas possibilidades e hipóteses que se tapam em mistérios que pedem para ser revelados. É o potencial da descoberta que nos atrai, como quem joga no Euromilhões porque enquanto se desconhecem os resultados há sempre a remota hipótese de calhar a sorte grande.
E é como tudo o resto: há sempre vícios e viciados. Há quem se vicie pelo oculto e pelo desconhecido do outro. E para muitos acontece que, por o amor ser pelo desconhecido e não pela pessoa, quando mais se desvenda o mistério menos mistério ele se torna e portanto perde o interesse. Às vezes nem precisa de ser porque ao conhecer o outro se percebe que ele nem tem os atributos que mais apreciamos. Às vezes é só porque perdeu a piada e a adrenalina da procura de conhecimento. E o que não falta por aí são outros mistérios à espera de serem descobertos.
Não é nada de negativo, na verdade. Muito pelo contrário. É a curiosidade e a paixão pelo desconhecido que nos dão razão para existir. O truque parece antes estar em aprender a amar para além do mistério, a amar o processo de descoberta em si e não só o desconhecido. E é isso que há de mais maravilhoso nas pessoas, há sempre algo mais para descobrir. Nem que seja porque estamos sempre a mudar e a mudarmo-nos uns aos outros.
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quinta-feira, 10 de maio de 2012
Este blogue esteve quase quase a mudar completamente de aspecto
Depois acagacei-me e ficou assim.
E entretanto esqueci-me de jantar.
Merda.
Actualização: Após dormir sobre o assunto acabei por o pôr praticamente como estava.
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Still about me now
Se eu alguma vez parecer que eu sei o que estou a fazer é por acaso porque eu nunca sei o que raios estou eu a fazer e como é que venho parar no meio destas situações.
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o gajo não é normal
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº591)
Vai-se a chuva, aparece o Sol e de repente a rua encheu-se de mulheres e jovens raparigas.
Não me estou a queixar.
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Pensamentos Divergentes (nº284)
entraste como uma tempestade
pensamentos a ribombar
descoordenados sentires como fazemos em dias que o peso que carregamos
gravita prestes a filtrar pelos pequenos espaços que se guardam sempre para depois
dá-me a tua mão
e eu tentarei mostrar
que o amor só tem os limites que lhe pintarmos à força dos nossos medos
e repousa nos meus ombros que o dormir é descanso e amanhã haverá um amanhã
terça-feira, 8 de maio de 2012
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº590)
O Cerberus não devia antes ser descrito como três cães com o mesmo corpo em vez de um cão com três cabeças?
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº589)
Em dias de calor, o factor determinante da direcção do meu penteado é se conduzi ou se fui no lugar do passageiro.
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº588)
Só quem visita os seus cantos mais escuros vê na sua plenitude a auréola da claridade.
Oh your mask is slipping
É quando estou no meu mais neurótico que me sinto pior e estou no meu melhor.
As Aventuras de Capitão Arruína-Tudo!
O único super-herói equiparável ao Capitão Arruína-Tudo é o Doutor Cirncunstância Infortuna, mas infelizmente não me deu autorização para o retratar.
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Pensamentos Divergentes (nº283)
militarizemos os nossos quartos
façamos guerra nas nossas camas,
mesmo que seja a fingir
diz que me amas.
se queres conhecer o frio
como o conheço,
queres conhecer o meu corpo
como o conheço,
vê como é solitário o nosso amanhecer
porque dizes todas as coisas erradas
no momento certo
senta-te aqui ao meu lado
neste deserto,
escorre líquido dos lábios para eu beber
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Pensamentos Divergentes (nº282)
enquanto sinistros artefactos se erguiam
misteriosos no colchão dos físicos umbrais
ninfas de desassossego pulsavam nos pés,
um pântano de amor rendido na teia dos sentidos
para beijar
uma
vez
mais
Leiloar o Cavaco Silva pela internet poderá ser solução para resolver recessão portuguesa
"O esqueleto de um dinossauro vai a leilão este mês pela Internet, com uma base de licitação de 875 mil dólares (671 mil euros)"
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Yip yip yip yip yip yip yip yip
É Segunda-Feira.
domingo, 6 de maio de 2012
Pensamentos Divergentes (nº281)
minha amiga, meu amor
julgo sabermos viver a mesma dor
do tocar sem saber poder tocar
e do cruel ceder de um possível terno olhar
e se eu fosse teu cavaleiro escondido em armadura
levava-te para longe para uma nova aventura
para um sítio sem hesitações, dúvida ou saudade
podendo abraçar-te de verdade
tudo o que eu quero é poder ser o teu cais,
porque há algum lugar em que o céu estrelado brilha mais
e a noite é quente que chegue para dormirmos ao relento pelas ruas
e fria o suficiente para nos aquecermos as duas
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Just a matter of time
Quem ama de portas abertas é roubado e nem se rala com isso.
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº587)
Não tenho a certeza se algumas das minhas bandas favoritas simplesmente estão a fazer álbuns cada vez mais fracos ou se os meus gostos mudaram ligeiramente e a nostalgia é a única razão pela qual ainda gosto das suas coisas mais antigas.
O outro lado do outro lado do espelho
É difícil não me perguntar por vezes como teria resultado a minha vida se se alterassem algumas componentes incontroláveis da minha circunstância. Que tipo de pessoa seria e quão diferente seria essa pessoa da pessoa que sou se tivesse frequentado outra escola em criança, ou tivesse nascido noutra cidade. Se não tivesse conhecido alguém ou lido um dos livros que li. Todos temos destas perguntas, suponho.
Dá vontade de calçar sapatos com solas interdimensionais. Poder visitar a belo prazer realidades alternativas que girem à nossa volta, mundos hipotéticos plausíveis mas sempre indisponíveis na nossa curiosidade. Há sempre coisas fora do nosso controlo que nos moldam e seria irresistível ver de que forma teríamos ficado melhor ou pior se se tivesse colocado a vírgula à esquerda num ou noutro factor.
Por outro lado, é bem possível que a melhor realidade em que podemos existir é uma realidade em que não temos o peso de conhecer o nosso destino noutras realidades. Jogar com o baralho que temos e não lamentar que não nos tenha calhado mais um trunfo que esteve quase para nos ser dado. Talvez seja essa a única forma de podermos jogar o melhor que podemos para sermos o melhor que podemos ser em vez de pensar no melhor que poderíamos estar.
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quinta-feira, 3 de maio de 2012
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº586)
Razão nº 3896 porque o meu blog nunca virá a tornar-se num daqueles blogs super populares: Não me mantenho a par de nada, não sei nada sobre o que acontece e consequentemente tenho de googlar o nome Rita Pereira para saber quem raios é ela.
Pensamentos Divergentes (nº280)
gritando precipícios
é nada mais que constatações
de recordações
dos meus mundanos vícios
segredo e revelação
das conversas a porta fechada
da infância passada,
os espectros da minha sustentação
só a noite tapa o anfiteatro
insuficiente para o meu fogo ateado em palha
cortei os seus tendões com uma navalha
de metal forjado em '94
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Baratas e como o barato sai caro
Há pessoas que fazem da tristeza o seu triunfo pessoal. Lançam suspiros que são leões esfaimados para devorar quem se encontre no seu caminho. E nós temos tendência para admirar o sofrimento e as pessoas que sofrem, mas esse não é o problema. O problema é que não sabemos de forma colectiva reconhecer uma pessoa que sofre propositadamente por só sentir que tem valor e que é amada quando têm pena dela e reconhecer que isso é mau e deve ser eliminado da nossa cultura em vez de reforçado. Até lá, teremos sempre uma grande parte da nossa população que prefere ser um bicho pisado pelos outros do que tentar ser feliz e arriscar a fracassar. Porque a miséria podemos tê-la sempre como garantida, mas num jogo de sorte (ou azar) tomamos decisões que não se sabe no que vão dar.
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So I tell stories
Pelo menos um centésimo do que digo, metade do que faço e o todo do que escrevo é porque quero viver em todo o lado. Menos em mim.
Coisas que preciso de escrever para me fazer acordar
Sou autodestrutivo. Agora é que faço de conta que não. Já não tomo os riscos estúpidos que tomei na minha adolescência, mas este meu gosto e necessidade de me rodear de miséria e sofrimento é porque sou viciado em angústia. E eu tento fazer disso algo melhor, querendo tornar-me num paladino de esperança. Mas para o tipo de pessoa que eu sou os meios são sempre mais importantes que os seus fins. O resto é fingimento. E mesmo que não seja e eu na verdade seja mesmo melhor pessoa do que acho isso não interessa, pois não me permitirei ver isso. Vou sempre procurar por motivos ulteriores nas minhas crenças e atitudes. E por vezes a questão parece girar à volta de quando chegará a altura em que me terei tornado suficientemente bom a enganar-me a mim próprio para que eu me sinta feliz comigo.
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o gajo não é normal
terça-feira, 1 de maio de 2012
Coisa Que Um Gajo Coiso nº(585)
Hoje senti-me desmoralizado por, para todos os efeitos, não poder celebrar o Dia do Trabalhador. Tendo em conta o actual panorama económico, quando é que organizamos aí um Dia do Desempregado? Para além de uma aliteração ficar sempre bem, já agora fazia-se algo de útil - a cena de feriado para não trabalhar e ficar em casa não se aplicaria por motivos óbvios, mas podíamos durante um dia acabar com voluntariados que corrompem o mercado de trabalho, bem como os "estágios profissionais" de 3 meses e os ditos falsos recibos verdes. Havia assim pelo menos um dia do ano em que todos tínhamos melhores oportunidades para arranjar um emprego com menor precariedade e exploração. Isto porque pelos vistos não é realista terminar com as constantes falcatruas durante a maior parte do ano. Afinal de contas somos mais que suficientes neste país para pedir um dia só para nós. E até que merecíamos um diazinho para descansar do não trabalhar.
Foda-se! (nº77)
O pessoal das finanças não só me dá mais um ano de idade como insiste que sou de Vila Viçosa. Quando confrontados com este óbvio erro de registo de dados e constatando que estes dados foram introduzidos poucos dias depois de uma passagem de ano, perguntam sem ironia se eu não terei apanhado uma bruta bebedeira e viajado até Vila Viçosa para tratar do meu número de contribuinte e agora já não me lembro de o ter feito. Foda-se.
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