terça-feira, 30 de novembro de 2010
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº461)
Dica para o futuro: Quando cozinhar com molho piri-piri devo lembrar-me de não lamber os dedos.
I'm made of bones of the branches the boughs and the brow-beating light
O solipsismo é a maior das drogas e o maior dos abismos. E às vezes parece a única solução.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Como conheci as mulheres
Cresci numa rua sossegada nas imediações da cidade, escolhida sem dúvida pelos várias pequenos confortos que oferecia como a proximidade de um infantário e de uma escola primária, para não mencionar o café situado apenas duas casas abaixo, no qual os meus pais podiam de forma rápida e conveniente comprar tabaco a qualquer hora. Os vizinhos, na sua maioria, eram pacatos ao ponto de nos permitirem que nos esquecêssemos da sua existência - uma falha mnésica bem-vinda por todos como parte da etiqueta comum do dia-a-dia da comunidade.
Como consequência, o típico dia da minha infância sufocava em não-eventos. A banalidade da segurança que me rodeava e as condições que me eram dadas não me permitiam vivenciar algumas coisas que mais tarde viria a desejar. Fui além do mais uma criança tardia, nascido consideravelmente após o apogeu da juventude dos meus pais, pelo qual a sua ausência de vivacidade convidava à limitada demonstração da exuberância energética de uma pequena criatura sem as preocupações de um adulto e sob o efeito anfetamínico de uma boa dose de açúcar. Vivia também com uma das minhas irmãs, mas tornara-se óbvio desde cedo que a década que separava as nossas concepções limitava em grande medida a partilha de interesse nas mesmas actividades. No entanto, nos dias em que as suas crises de adolescência revertiam para o seu menor índice comum, tinha suficiente bondade para tentar brincar comigo; e se ela estivesse de muito bom humor poderia até obsequiar-me com a honra de me apresentar às suas amigas (filhas únicas) com o propósito de lhes meter inveja por ter um irmão mais novo. Por vezes, para atingir esse propósito, chegava até a levar-me a passear e, como num concurso de cães de elevado pedigree, desfilava-me perante jovens mulheres cobertas de acne que elogiavam o quão querido e/ou fofinho eu era, desconhecendo por completo a minha tendência anarquista de estragar todos os objectos preciosos da adolescência da minha irmã e que ela armazenava no seu quarto que deveria estar fora de limites.
Apesar da descarada exploração à qual era submetido, estas foram as minhas primeiras realizações sobre a importância de ser um objecto de desejo das mulheres. Lembro-me de uma das suas amigas em particular (lembro-me dela como sendo a mais bonita) comentar de forma bastante agradável os meus olhos bonitos e como eu era charmoso e haveria de partir muitos corações quando tivesse idade para isso.
Infelizmente para mim na altura, os períodos em que a minha irmã arranjava um namorado tornavam-se mais solitários devido à aparente propriedade super-magnética dos orifícios orais dos indivíduos em questão. As actividades desportivas não se apresentavam como uma verdadeira opção devido a problemas físicos que me haviam sido impostos desde a nascença - segundo os médicos não tinha nascido para correr e até o simples acto de andar comportava algumas (se bem que ligeiras) preocupações. E como havia uma admirável ausência de crianças da minha idade na zona em que vivia, passava portanto os dias a brincar sozinho, a ver televisão e a criar estórias e mundos na minha imaginação. Todos estes factores culminaram no desenvolvimento de uma criança introvertida e "sensível", para não dizer estranha. Quando entrei no infantário continuei a sentir-me só; não sabia muito bem o que fazer com as outras crianças e as outras crianças também não sabiam o que fazer comigo. Penso que alguns adultos também não sabiam como haveriam de lidar comigo, começando desde cedo a minha tendência em deixar as pessoas em geral desconfortáveis.
O meu pai, vários anos mais tarde, acharia de bom tacto confessar-me casualmente durante um jantar de Natal em família a sua longa preocupação com a minha fraca manifestação de comportamentos tipicamente masculinos como os outros rapazes da minha idade, tais como o interesse em futebol, carros e a destruição ou roubo da propriedade dos vizinhos/escola. Ele tinha vivido a minha infância com o medo de que a minha "sensibilidade" se tornasse em "mariquice". A culpa terá sido parcialmente minha por ter negligenciado mencionar os longos e precoces desejos suscitados pela forma feminina e pela ideia de uma mulher, desejos que me atormentavam por não estar fisica ou realisticamente capaz de actuar sobre eles. Mas em minha defesa é preciso dizer que essa partilha de informação se tornara desnecessária pois através das quantidades indiscriminadas de programas de televisão e de filmes a que assistia eu já sabia porque é que a minha pila crescia e para o que ela haveria de servir um dia se eu tivesse sorte. Além do mais, a minha terrível timidez impedia-me de confessar tamanha crueza carnal a qualquer um dos meus pais.
Como consequência, o típico dia da minha infância sufocava em não-eventos. A banalidade da segurança que me rodeava e as condições que me eram dadas não me permitiam vivenciar algumas coisas que mais tarde viria a desejar. Fui além do mais uma criança tardia, nascido consideravelmente após o apogeu da juventude dos meus pais, pelo qual a sua ausência de vivacidade convidava à limitada demonstração da exuberância energética de uma pequena criatura sem as preocupações de um adulto e sob o efeito anfetamínico de uma boa dose de açúcar. Vivia também com uma das minhas irmãs, mas tornara-se óbvio desde cedo que a década que separava as nossas concepções limitava em grande medida a partilha de interesse nas mesmas actividades. No entanto, nos dias em que as suas crises de adolescência revertiam para o seu menor índice comum, tinha suficiente bondade para tentar brincar comigo; e se ela estivesse de muito bom humor poderia até obsequiar-me com a honra de me apresentar às suas amigas (filhas únicas) com o propósito de lhes meter inveja por ter um irmão mais novo. Por vezes, para atingir esse propósito, chegava até a levar-me a passear e, como num concurso de cães de elevado pedigree, desfilava-me perante jovens mulheres cobertas de acne que elogiavam o quão querido e/ou fofinho eu era, desconhecendo por completo a minha tendência anarquista de estragar todos os objectos preciosos da adolescência da minha irmã e que ela armazenava no seu quarto que deveria estar fora de limites.
Apesar da descarada exploração à qual era submetido, estas foram as minhas primeiras realizações sobre a importância de ser um objecto de desejo das mulheres. Lembro-me de uma das suas amigas em particular (lembro-me dela como sendo a mais bonita) comentar de forma bastante agradável os meus olhos bonitos e como eu era charmoso e haveria de partir muitos corações quando tivesse idade para isso.
Infelizmente para mim na altura, os períodos em que a minha irmã arranjava um namorado tornavam-se mais solitários devido à aparente propriedade super-magnética dos orifícios orais dos indivíduos em questão. As actividades desportivas não se apresentavam como uma verdadeira opção devido a problemas físicos que me haviam sido impostos desde a nascença - segundo os médicos não tinha nascido para correr e até o simples acto de andar comportava algumas (se bem que ligeiras) preocupações. E como havia uma admirável ausência de crianças da minha idade na zona em que vivia, passava portanto os dias a brincar sozinho, a ver televisão e a criar estórias e mundos na minha imaginação. Todos estes factores culminaram no desenvolvimento de uma criança introvertida e "sensível", para não dizer estranha. Quando entrei no infantário continuei a sentir-me só; não sabia muito bem o que fazer com as outras crianças e as outras crianças também não sabiam o que fazer comigo. Penso que alguns adultos também não sabiam como haveriam de lidar comigo, começando desde cedo a minha tendência em deixar as pessoas em geral desconfortáveis.
O meu pai, vários anos mais tarde, acharia de bom tacto confessar-me casualmente durante um jantar de Natal em família a sua longa preocupação com a minha fraca manifestação de comportamentos tipicamente masculinos como os outros rapazes da minha idade, tais como o interesse em futebol, carros e a destruição ou roubo da propriedade dos vizinhos/escola. Ele tinha vivido a minha infância com o medo de que a minha "sensibilidade" se tornasse em "mariquice". A culpa terá sido parcialmente minha por ter negligenciado mencionar os longos e precoces desejos suscitados pela forma feminina e pela ideia de uma mulher, desejos que me atormentavam por não estar fisica ou realisticamente capaz de actuar sobre eles. Mas em minha defesa é preciso dizer que essa partilha de informação se tornara desnecessária pois através das quantidades indiscriminadas de programas de televisão e de filmes a que assistia eu já sabia porque é que a minha pila crescia e para o que ela haveria de servir um dia se eu tivesse sorte. Além do mais, a minha terrível timidez impedia-me de confessar tamanha crueza carnal a qualquer um dos meus pais.
Não, o meu destino era sofrer as minhas frustrações em silêncio e olhar com admiração para as personagens do ecrã e pensar que um dia também poderia viver tudo o que não me era permitido.
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sábado, 27 de novembro de 2010
Raparigas hippies elucidem-nos
A propósito de uma rapariga com rastas que vimos num bar
D - As rastas são fofas, sabes?
Eu - Já tocaste num cabelo com rastas, é?
D - Sim e são fofas.
Eu - Pois, mas não parecem. Que me lembre também nunca farfalhei em rastas.
R - "Farfalhaste"?!
Eu - Existe e não é porco. Vai ver ao dicionário.
D - Eu farfalho, tu farfalhas, ele farfalha...
Já dentro de outro bar
R - Então e a propósito de raparigas com rastas, tu nunca te perguntas...?
D - O quê?
R - É que eu fico sempre com curiosidade. Se aquilo lá em baixo também tem rastas.
D - Epá... raios ta partam.
Eu - Rasta partam, R.
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sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº460)
degradação, s. f.; de.gra.da.ção; do latim degradatĭo, -ōnis. Quando eu e os meus amigos reconhecemos mulheres através da fisionomia do seu posterior, ex:
- Aquela era a *****?
- O rabo parecia ser o dela.
- Pois.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Pensamentos Divergentes (nº169)
Vem fazer guerra comigo na cama meu amor.
Lá fora chove e morrem de fome e de frio;
Nós ficamos a morrer um no outro
À procura de vida no vácuo.
I might lose my mind
O problema da líbido é que nunca se domestica. A única coisa a fazer com ela é guardar numa jaula e alimentá-la apenas o suficiente para que não morra. E ela do outro lado da jaula a olhar para nós cheia de fome.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº459)
Hoje, pela primeira vez na minha vida, vi ao vivo um senhor com um bigode à Hitler. É como perder a virgindade só que mais memorável.
One day
Música de encorajamento para amigos que se sintam na necessidade disso.
domingo, 21 de novembro de 2010
Estou de volta
Fodê-la era como fumar má erva. A moca que conquistava não compensava as mágoas que arrastava por trás; enquanto a comia por trás. Mas uma mulher que faça bons broches fica para sempre com os seus homens, quer os queira quer não. Não que os guarde como bens preciosos, acumulam-se da mesma forma que se acumula areia no corpo só de ir à praia.
Ainda assim ela tinha algo que dava vontade de foder. Aquelas pernas que lhe nasciam do ventre e o traziam ao retorno. Aquelas pernas que tanto tinham provado e que manchavam a calçada das ruas com a merda da sedução - e ela continuando a andar como se nem se apercebesse da bruxaria ímpia que os seus saltos altos praticavam à vista de todos.
Por isso só a queria foder por trás. Para não ter de ver aquela cara de quem lhe tinha vencido ao jogo.
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010
BRB
Fim-de-semana em Lisboa para mudar de ares.
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terça-feira, 16 de novembro de 2010
Under the brush this year
Sinto-me em baixo.
Desconfio que não tenho jeito para isto do romantismo
Depois de um longo beijo de despedida quando a deixei à porta de casa
Ela - Adoro os teus lábios.
Eu - Quando morrer podes cortá-los e ficas com eles.
Ela - Que horror, que mórbido! Boa noite.
Ela - Adoro os teus lábios.
Eu - Quando morrer podes cortá-los e ficas com eles.
Ela - Que horror, que mórbido! Boa noite.
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domingo, 14 de novembro de 2010
Plumtree
Estavamos a ver o filme do Scott Pilgrim (que a propósito está genial) e fizeram comparações comigo e a personagem principal.
Primeiro:
R - É como tu.
Eu - Cala-te.
Depois de um bocado:
Ela - É igual a ti.
Eu - FUCK OFF!
R - É como tu.
Eu - Cala-te.
Depois de um bocado:
Ela - É igual a ti.
Eu - FUCK OFF!
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sábado, 13 de novembro de 2010
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº458)
Esta noite tive de dormir umas horas no meu carro porque bebi demais para estar em condições de conduzir.
O meu carro é mais pequeno do que alguma vez tinha reparado.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Coisas Que Um Gajo Coiso (nº457)
Vi esta publicidade num dos meus websites favoritos e sem querer perpetuar estereótipos e insinuar que a forma de chamar a atenção dos homens é com mulheres bonitas e sedutoras e não com retratos da época vitoriana, vou apenas comentar que a única forma de esta publicidade funcionar é se o produto estiver dirigido a mórmones ou a homossexuais demasiado empenhados em manterem-se dentro do armário.
Olha o que eu também não sei fazer
Tenho passado os dias a aprender técnicas novas na guitarra e comecei agora a tentar romancear um violino porque não descanso enquanto não for mediocre com todos os instrumentos em que consiga por as mãos ou até que os meus vizinhos me apresentem um abaixo-assinado para me expulsarem do bairro.
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quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Foda-se! (nº 53)
Devido às constantes acusações de que sou vítima, vi-me obrigado a pesquisar na internet e a mostrar ao D várias definições de Hipster para provar a minha inocência.
A internet está toda contra mim.
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terça-feira, 9 de novembro de 2010
Just as soon as they are crossed
Nos últimos dias tenho andado a ouvir música da minha adolescência e tenho pensado se alguma vez se resolvem por completo os tais problemas de auto-estima. Ou então são os problemas de coração que nunca se resolvem por completo. Ou se calhar os dois são a mesma coisa para algumas pessoas.
domingo, 7 de novembro de 2010
Pensamentos Divergentes (nº168)
Não farás com que me desdoa a rotunda encravada do meu sexo
A monótona monogamia das palavras entornadas
Não me farás perplexo de amor
a loucura de não ter beijos sem retorno
ou uma cama sem ardor
Não são para mim essas ruas que me chamam à razão
onde tantos outros desaventurados perderam
o brilho e a euforia do abandono.
Mas eu vi.
Eu vi nos teus lindos olhos o dom da dor e o tom da desilusão
E em olhos desses não sou senão uma criança
sem norte
incapaz de ser forte
e sem tesão
Teus olhos maternos congelam-me a frieza
deixando-me apenas a incerteza
da minha tua nossa compaixão.
Pensamentos Divergentes (nº167)
Segura na mão teu embaraço com paixão.
Ergue como uma bandeira as tuas derrotas,
os caminhos errados e as ruas tortas,
E cospe a glória da tua honesta história
na cara de quem tem por fé fazer de ti algo que ninguém é.
E se alguém fizer questão de te lembrar da tua condição
aceita com orgulho o obrigatório senão:
No reino dos falhados há que ter em consideração
que qualquer filho da puta também é teu irmão.
sábado, 6 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Não tenho a certeza se é com C ou S
Invento palavras durante os meus sonhos. Hoje acordei com a frase "Isto é tudo muito monocíspico"
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