terça-feira, 31 de maio de 2011

Everything is lost



Sou um céptico burguês hipster niilista com tons de solipsismo e existencialismo em conjunto com crenças socialistas e neo-hippies. Alguém me explique como é que nunca me atirei de uma varanda.

Automedicação


1 - Beber uma cerveja
2 - Tocar piano
3 - Ausência de resultados
4 - Beber uma segunda cerveja
5 - Tocar guitarra
6 - Ausência de resultados
7 - Beber outra cerveja
8 - Escrever qualquer coisa
9 - Ainda sem resultados
10 - Fumar um cigarro e esperar por outro dia.

Nómadas


Tudo balançava na ponta de um desejo ténue que caia a pique nos ombros mordidos da ausência de Sol. Entre os cabelos lindos só a boca que cuspia merda nos olhos que fixassem de amor, pronta a armar de balas disparadas contra quem ainda não haveria de ser. Um amor abortado que apenas o enjoo mantinha vivo. O amor só é belo se doer e nos teus só existia dor. Hás-de me atirar fora de casa, mandar-me à minha vida. Mas eu lembro-me de tudo; menos do que não me convém.

Mais insónias


Desabafo político - outra vez


Não vos quero mais ouvir. Sejam da esquerda, da direita ou do centro, não têm nada de jeito para dizer. As asneiradas que dizem é para ouvirem a vossa própria voz enquanto pensam que se anunciam ao mundo. Não são se não gorilas a grunhir na floresta. São o idiota que deixa cair o martelo no pé e que chama nomes ao martelo. Não me entreguem mais panfletos da JCP ou me tentem falar do PSD ou do filho da puta que o Sócrates é. Vamos todos morrer um dia. A política é ódio e eu na minha vida só quero amor, não estou para perder vida com ódio. Deixem-se de olhar para ideais e olhem para as pessoas. É sempre a merda dos ideais e quem não concorda com eles é o inimigo e se ao menos o inimigo não existisse então o mundo seria perfeito. E depois já ninguém é gente e já ninguém é tratado como gente e a culpa é dos políticos. Os vossos ideais não são nada. Os vossos ideais são diluídos sintéticos copiados das verdades que outros escreveram e alterados à vontade do freguês. E não me venham com a conversa sobre eles. "A culpa é deles". Eles não existe. Eles são vocês. E a culpa de o mundo não ser melhor do que é é vossa e minha também.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

If you gotta run, run from hope


E eu digo adeus a qualquer coisa. Ainda não sei ao quê, mas é a qualquer coisa.

Apanhei-te


Agora com os lábios interlaçando o sabor das amoras que apanhava quando era puto. Cinco gotas de pederneira atravessando-me a fronte, capaz de embater no azul sinfónico por trás da cortina. Enrolado em mantas para não abafar tudo o resto, move-me os cilindros e venda-me as intenções corridas a beijos e diz-me adeus a tempo de não ter de o dizer.

Pensamentos Divergentes (nº184)


é
porque
queria ser
sem a repetição
e o cantil de reciclados
do cuspo a bocejar de lições
mas a bruxa mora nos meus dentes
trinca antes de chegar à barca da morte
com olhos a saber a cobre e a espera cerrada sobre si

sábado, 28 de maio de 2011

The days are no longer my own


Preciso de fazer alguma coisa com significado, mas não sei o quê.

Pensamentos Divergentes (nº183)


fazes esses passos de piano como se nada
e beijas como se eu nem fosse morrer
tens Deus na ponta dos dedos
e esses oráculos ferozes
vão-se em mudos
doces tudos
dançando
assim
.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

That's the problem now, there's no more rewind


Eu gosto é de pessoas com a cabeça fodida (como se existisse outro tipo de pessoa). Pelo menos nisso não estamos em crise.

S E


O problema da ideia base deste blog, de mim e disto de pensar como podiam as coisas ser em vez de como são é que é tudo um processo inútil. É a recusa de viver na realidade. Para se fazer a diferença é preciso passar à acção e mesmo assim essa também é hipotética. Há coisas que não se podem mudar e, se se pudessem mudar, nada garante que alguém desse por isso. Sei que estou apenas a constatar o óbvio, mas às vezes faz bem constatarmos o óbvio a nós próprios.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Coisas Que Um Gajo Coiso (nº 500)


Entre o tempo em que terminei os meus estudos e não arranjo um emprego, há muita coisa que podia fazer. Escrever um livro, gravar um álbum, criar um webcomic. Não fiz nenhuma dessas coisas, mas o que fiz foi aprender a estalar os dedos da mão esquerda, coisa que nunca consegui fazer.

Rói-te de inveja, Leonardo da Vinci.

I'm not a gamble


terça-feira, 24 de maio de 2011

Coisas Que Um Gajo Coiso (nº 499)


Deixei de conseguir escrever músicas porque quando não são uma merda, chego ao fim e percebo que são uma cópia de outras músicas.

Pensamentos Divergentes (nº182)


no teu quarto qualquer um é bem vindo
que dê ao relógio números negativos a comer
e quando derreti eu o surrealista
na mesa de cabeceira a escorrer
entrava-te pela boca para não ter de ouvir
o teu bafo a cancro a guardar recordações em pérolas
que nunca mais se haviam de abrir

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Valsa



Não sei dançar. E por não saber dançar não danço. Fico quieto a um canto a ver dançar. Não sei ler nesse alfabeto e não consigo, por muito que tente, perceber como chegar de um ponto ao outro. Quando alguém diz que prefere não dançar é sempre mentira, simplesmente não sabe como dançar no momento. E dançar é como tudo. A diferença é que ninguém tem coragem de admitir que não sabe amar. Ou ser amado. Fica quieto a um canto a ver os outros.

domingo, 22 de maio de 2011

Pensamentos Divergentes (nº181)


Fico de fora porque não fui à escola
não sei a melodia mas sei copiar
se a inércia de outro corpo me guiar
Mas os músculos atrofiam de falta de uso
quando se esconde alegria como que de vergonha
e o silêncio pinta os lábios de frio
O que é real

sábado, 21 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

And it is true what you said



É uma questão de reaprender a simplificar as coisas com coração. Como fazia há 10 anos atrás. Mas agora sem me iludir.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

21:53


Dir-te-ia que não, mas deixei-me dormir ao volante. Cada pedra está agarrada ao mundo por um fio e é como o beijo de uma traça. Mal está lá para ser sentido, só suficientemente próximo do ser para que possa ser reconhecido. E hoje tudo são pedras. Todos vocês são pedras. E eu também seria se estivesse consciente, mas deixei-me dormir ao volante. Estou à espera.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Coisas Que Um Gajo Coiso (nº 498)


Hoje, no banho, lavei o meu corpo com champô porque fiquei sem sabonete ou gel de banho. À espera de sentir ardores em zonas mais sensíveis enquanto me lavava dei por mim numa prática de auto-penitência muito cristã, repetindo mentalmente o mantra "Porque eu mereço, porque eu mereço, porque eu mereço".

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Welcome to the human race


Dizem por aí, algures por cima do meu ombro, que o bom tempo veio para ficar e que eu me devia animar. E eu concordo.

Foda-se! (nº60)


Hoje, no Público Online encontra-se um artigo sobre o desejo de alguns médicos de se reverem as leis do aborto e da procriação medicamente assistida. Parece que, segundo o mesmo artigo, uma questão "necessariamente polémica" é se as mulheres "sozinhas" ou homossexuais devem ter acesso à procriação medicamente assistida. Ou seja, se mulheres lésbicas ou fora de um relacionamento com um homem e que têm dificuldade a engravidar deverão ou não ter o direito de ser auxiliadas por especialistas com esse objectivo. Só de parafrasear aqui esta questão sinto-me mais estúpido. E mais estúpido ainda por viver num país que ainda se coloca este tipo de questões como se estas fossem legitimas.

sábado, 14 de maio de 2011

Coisas Que Um Gajo Coiso (nº 497)


Hoje descobri que até na sala de urgências do hospital as pessoas dizem "Boa tarde" umas às outras.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Nothing satisfies, but I'm getting close


Hoje está a ser daqueles anos em que parece que tudo falhou e já não sei que fazer.

Foda-se! (nº59)


Giro giro nisto de entrar para o trabalho de mercado em altura de crise económica é descobrir que, para além da oferta ser relativamente pouca e não a ideal para os projectos de vida estabelecidos durante o percurso universitário, não estamos qualificados para fazer quase nenhum desses trabalhos que nem gostaríamos de fazer em primeiro lugar.

Timing


O Blogger, adivinhando que eu já estou farto mais que farto deste blog e de colapsar em tarefas egocêntricas, decidiu ter um esgotamento nervoso e deixar de funcionar. Como é óbvio, assim que se tornou impossível escrever no Blogger foi quando a mim me deu vontade de escrever. Agora que a crise já passou, volto à indiferença. E digo eu mal das mulheres.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Decisions, decisions


Não sei se estou bêbedo demais para escrever ou se não estou bêbedo que chegue.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

I hope that someday we have peace in our lives, together or apart



À primeira vez que te acontece, a culpa é dos outros. À segunda é azar. Se te acontece uma terceira vez, a culpa foi sempre tua - só não descobriste ainda porquê.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Coisas Que Um Gajo Coiso (nº 496)


Vale a pena esperar quase 2 horas pelo jantar quando isso implica beber uma garrafa de vinho de €50 pela qual eu não tive de pagar um tostão. É uma das vantagens de ter um família infestada de burgueses pseudo-eruditos.

Somnisexual

Eu quero muito fazer companhia à minha namorada quando ela entra em lojas de roupa, mas aquela confusão dá-me cabo da cabeça

Eu - Eu ODEIO raparigas adolescentes.
Ela - Pois. Mas já foste adolescente e na altura gostavas bastante delas.
Eu - Sim... Hmm... Quer dizer, mesmo assim nem por isso.
Ela - ?
Eu - Gostava das que imaginava. Aquelas que eu conhecia e existiam mesmo, geralmente não gostava delas.
Ela - Isso é muito triste...
Eu - É...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Everything good, I deem too good to be true - Everything else is just a bore


Era o meu cérebro ser como um computador e bastar eu alterar o software todo só para eu poder funcionar como queria ou deveria.

"To think a man's true when the wine's not in him"


Nesta nossa relação partilhamos uma linda dicotomia harmónia. Eu documento a minha Babilónia e vocês ficam à espera para ver se devem aplaudir ou não. Eu regorgito os meus vícios e pedaços semi-verídicos de eu e vocês avaliam quão baixo eu desci. E quanto mais na cave, maior a vontade de assistir. E alguns de vocês queriam andar ao meu lado, talvez de mão dada, mas não querem mesmo. Não sou se não o veículo para as fantasias que não conseguem banhar em vós próprios. Se a vossa masturbação fosse inadulterada do produto verdadeiro não precisavam de mim para nada. E eu faço tudo o que faço não porque é o que faço mas porque não sei fazer o resto. Não tenho se não esta forma de viver e eu quero ser explorado e quero que acreditem que sou mais do que sou porque assim ajudam-me a enganar-me a mim próprio de que sou mais do que sou. E não suporto a ideia de ser apenas eu mesmo. O mundo todo antes de mim mesmo. Se não puder ter isso, então o fim do mundo. Porque se não para isso, de que me serve ele?

Salvar o mundo


O coração gripou. Nos lábios a nódoa das palavras que nunca tinha dito e que lhe tentaram arrancar à força. Um muro implacável de ar que lhe impedia de dizer as coisas mais importantes. Não sucumbir, não ceder, não se amar. O mais perigoso era amar-se a si mesma. Tudo no mundo era previsível, um tédio. Mas ninguém na história da humanidade sabia o que poderia acontecer se ela se amasse a si própria. A única coisa certa era a catástrofe de não saber que catástrofe a esperava.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Snacks racistas?



São dos meus favoritos. O Dia não pára de me dar razões para comprar os seus produtos.

domingo, 1 de maio de 2011

It's mother's day



Feliz dia da Mãe

Grete


Eu e a minha irmã procurávamos entre as gavetas e armários dos adultos - os segredos são sempre tesouros para quem não tem idade que chegue. Ela, mais velha, ensinava-me com um ar adulto e sério os factos da vida que ela também interpretava mal mas tão melhor que eu. Permanecíamos crianças e no Verão o Sol que nos salpicava a cara era o mais quente e meigo que alguma vez conheceríamos e o verde das árvores e arbustos era o mais forte que alguma vez provaríamos. Procurávamos insectos juntos e explorávamos de bicicleta o terreno abandonado por trás da nossa casa e chegávamos sempre tarde à hora do jantar para partilharmos o raspanete. E quando, finalmente, as belezas do mundo começassem a diluir, diluiriam para ambos. Quando fossemos outros que não nós, poderíamos reencontrar-nos. E talvez aí o meu pai nunca tivesse começado a beber e a minha mãe não estivesse a morrer. E talvez eu assim não quisesse morrer e não bebesse para viver.

Esta história não é verdade. É impossível esta história ser verdade. Esta história não poderia ser senão a verdade.

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