Lisboa vê-se encharcada em lágrimas. Sem saber se de rir ou de chorar, decide que o melhor é rir para não desabar.
Enquanto isso, os ratos entram em desambandono por não terem nada flutuante para abandonar. Carros confusos travestem-se de jangada e chapinham em lagoas improvisadas, como calhaus com bóias de aprendizagem na natação. Sirenes histéricas uivam de minuto a minuto e o lobo avisa pedro que a repetição é que o vai danar. E na minha rua, os putos a cantar:
Chuva Chuva vai-te embora
vai depressa e sem demora,
Vai bater a outra porta
que a vizinha já está morta
Morreu de susto a coitada
depois de morrer afogada,
Chuva Chuva vai-te embora
que quem nada vai na hora.