sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Processador criativo


- Lá estás tu novamente.
- Uh?
- Em frente a um ecrã, com uma folha artificial meio vazia a tentar despejar para aí alguma coisa.
- Ah.
- Só comunicas por grunhidos, como um neandertal. Como é que queres escrever alguma coisa com sentido?
- Estou distraído. Estou-me a tentar concentrar. Larga.
- "Mim não quer. Ir embora agora. Larga." É assim que tu soas, percebes? Nem constróis frases inteiras, pareces um telegrama. Estás a tentar poupar semântica para a escrita, não?
- Talvez.
- Bah. Nem sei porquê tanto esforço. Mais vale divertires-te com o que fazes. Se não andas aí às voltas em possíveis metáforas numa estória com um final pouco resoluto e que quase ninguém percebe, muito menos tu.
- Como a vida real, portanto?
- Olha para ele com ar triunfante. Se calhar devias guardar mais ironia pseudointelectual para a página, não?
- Era para me divertir, não era? Então deixa-me fazê-lo à minha maneira ainda que pareça tolo.
- À vontade.

1 comentários:

ErimgauQ YelgiuQ disse...

Gostei das coisas sem sentido com sentido.

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