sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sobre escolhas


Perguntarem-me qual é a minha banda favorita é a pior coisa que me podem fazer. Não só não sei que raios responder a uma pergunta dessas, como fico com medo de que um dia venha a saber responder e que magoe as outras bandas se venham a sentir magoadas com eu não as ter preferido. É como perguntarem-me de qual dos meus testículos eu gosto mais. O mesmo se passa com filmes, livros, actrizes pornográficas, seja o que for - tudo o que envolva alguma componente artística e um profundo envolvimento e esforço por parte do(s) autor(es).

Além do mais, eu considero-me um rapaz de gostos bastante variados. Não seria pouco habitual que alguém colocasse o meu iPod no shuffle e encontrasse Chet Baker seguido de Blink-182, Joanna Newsom seguida de Wolfmother, Kanye West seguido de Frank Zappa e por aí adiante. Gosto de todos e parece-me algo insensível e frio alguém tentar fazer uma pessoa escolher apenas uma de entre as suas paixões. É cruel perguntarem-me se gostei mais da Letra Escarlate ou do Crime e Castigo, ou se no geral gosto mais de vinho tinto ou branco, porque são coisas muito diferentes mas que fazem parte de mim à sua maneira e preenchem necessidades específicas.

É principalmente por esta razão que eu em miúdo treinei horas e horas a atirar uma moeda ao ar e apanhá-la na palma da mão. E assim posso dizer: nada disto é culpa minha. Desresponsabilizo-me de todas as decisões que tomei na minha vida. Deixei tudo ao acaso e orgulho-me disso.
Agora se me dão licença, vou usar a minha última moeda para decidir se bebo mais uma cerveja antes do jantar ou não.

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