sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pensamentos Divergentes (nº295)


Os teus olhos
dois frigoríficos a controlo remoto
com a capacidade de esfriar à distância o que quer que lhes calhasse na mira.

E sempre na sua mira
estava eu.
Eu, como que encarnações de um espiritualista manco
que comeu a sua perna para provar que pode acompanhar um outro alguém
mesmo que a pé-coxinho
jogando à macaca por estes labirintos
à procura de calor humano.

E eu sei que escrevia coisas tristes
que escrevia coisas que afastavam
como ainda o faço.
E assustava os meus pais,
sempre preocupados,
Isso não são coisas que uma criança deva pensar.
Porque vocês fogem do desconhecido como vosso maior inimigo
e eu sempre quis fazer do desconhecido um amigo,
sentá-lo à mesma comigo
dar-lhe do meu vinho, comer do seu pão
Conhecer os folhos recônditos em mim
e que existem em ti também
para me conhecer a mim e a ti melhor
para que algo nos aproxime mais
mesmo que só na minha imaginação.

Mas eu desejava ainda mais que cada um dos meus osso fosse um instrumento
para que quando eu tivesse os meus ataques epilépticos
de raiva, frustração e amor contidos,
fizessem música de tal forma alta e assustadora
que tivesses vontade de me agarrar pela beleza da cacofonia
E o único impedimento fosse o medo de te aproximares
e que o teu corpo começasse a estremecer comigo também

E por isso envios estas palavras que eu tenho,
estas palavras que são as únicas que sei ter,
lançadas para o vazio como astronautas desesperados
procurando terra habitável sabendo que nunca mais voltarão a casa.
E quantos deles não morrem abandonados no espaço sideral.

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