sexta-feira, 11 de maio de 2012

Romantonautas, espectadores impassívos e vítimas de amor à primeira vista



Quando nos apaixonamos por um desconhecido apaixonamo-nos não por quem é mas por tudo o que não é. O que apaixona é tudo o que a pessoa pode ser e portanto o amor que se sente é amor pelo desconhecido e pelas infinitas possibilidades e hipóteses que se tapam em mistérios que pedem para ser revelados. É o potencial da descoberta que nos atrai, como quem joga no Euromilhões porque enquanto se desconhecem os resultados há sempre a remota hipótese de calhar a sorte grande.

E é como tudo o resto: há sempre vícios e viciados. Há quem se vicie pelo oculto e pelo desconhecido do outro. E para muitos acontece que, por o amor ser pelo desconhecido e não pela pessoa, quando mais se desvenda o mistério menos mistério ele se torna e portanto perde o interesse. Às vezes nem precisa de ser porque ao conhecer o outro se percebe que ele nem tem os atributos que mais apreciamos. Às vezes é só porque perdeu a piada e a adrenalina da procura de conhecimento. E o que não falta por aí são outros mistérios à espera de serem descobertos.

Não é nada de negativo, na verdade. Muito pelo contrário. É a curiosidade e a paixão pelo desconhecido que nos dão razão para existir. O truque parece antes estar em aprender a amar para além do mistério, a amar o processo de descoberta em si e não só o desconhecido. E é isso que há de mais maravilhoso nas pessoas, há sempre algo mais para descobrir. Nem que seja porque estamos sempre a mudar e a mudarmo-nos uns aos outros.

5 comentários:

Erre disse...

Acho que compreendo bem de mais este post... ;)

T disse...

Olha, não te tinha em mente quando escrevi isto, para ser sincero. Mas agora que admites servir-te a carapuça, hm... =P

Alexandre disse...

ao final do primeiro parágrafo, já concordava plenamente contigo.

T disse...

:)

um rapaz de blazer azul disse...

sweet

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