Não há dia que passe em que eu não veja as notícias e me depare com uma nova medida do governo ou uma nova estatística e me dê um ataque de pânico. O meu miocárdio já viu melhores dias. E eu sei que este blog está-se a tornar uma chatice porque agora em cada dois textos há um em que me queixo ou do desemprego ou falo da minha ansiedade com isso. Mas perdoem-me só mais esta vez.
É que lembrei-me de algo que escrevi há cerca de dois anos atrás neste blog mas nunca cheguei a terminar/publicar. E neste reencontro com o passado encontro alguma calma para mim próprio e que também vos poderá ser útil a vós.
Manifesto de 1/4 de vida:
- Não esquecer de como era ser criança. Da euforia da descoberta e da frustração da falta de autonomia. Não me esquecerei das coisas boas e, talvez ainda mais importante, das más. E com cada criança lembrar-me-ei que em breve essa criança será um indivíduo e que a forma como interagimos com ela irá contribuir para esse indivíduo.
- Não vou deixar de acreditar nas novas gerações. Não me vou esquecer que já quando eu era mais jovem diziam que a minha geração estava perdida e nenhum de nós se aproveitava - a acreditar nisto, os jovens deste mundo andam a ficar cada vez mais selvagens há milhares de anos. Vou-me lembrar que cada geração tem sido mais moral que a anterior e o resto são colchões que as pessoas criam para se conformarem com a sua estagnação.
- Não me posso esquecer que o coração tende a ficar negro com a idade. Não posso deixar de lutar contra isso.
- Vou tentar melhorar o mundo à minha maneira. Se não souber qual é a minha maneira devo-me a mim próprio descobri-lo custe o que custar, demore o tempo que demorar.
- Os meus pais fizeram o melhor que puderam comigo, mas o seu melhor não foi o suficiente. Porque o melhor nunca é o suficiente. Se tiver filhos meus tenho a obrigação de fazer muito melhor do que eles, e devo fazê-lo apesar de saber que o meu melhor também não será o suficiente.
- Não me vou deixar convencer que já não tenho idade para fazer certas figuras. Qualquer que seja a minha idade, há maturidade em não nos preocuparmos com os outros pensam, mesmo que só de vez em quando.
- A vida é demasiado curta para desperdiçar com algumas coisas. Por vezes, essas algumas coisas são pessoas. Mesmo assim, não devo deixar de estender a mão a alguém que precisa.
- Em toda a minha vida haverá gente disposta a dizer-me que o melhor é deixar de lutar. A minha própria voz me dirá o mesmo. Não lhes darei ouvidos.
- O mundo torna-se mais feio quando envelhecemos porque desistimos de o tentar fazer bonito. Se formos todos artistas de vez em quando, principalmente uns com os outros, remamos contra a maré. Se formos suficientes, quebramos a maré.
- Há mais como eu. Ajudar um pouco não custa. Às vezes um abraço ou o reconhecimento do que eles estão a passar é que baste para aliviar a carga.
6 comentários:
Vai haver sessão de autógrafos?
? :|
É que tens um jeito tão particular de escrever coisas em que todos deveríamos ter pensado, mas não pensamos, que se calhar merecias reconhecimento.
Na verdade são tudo coisas que li ou que ouvi outra pessoa dizer e que tento adoptar como minhas. Agradeço o elogio, mas não mereço reconhecimento por elas.
escrevi há dias as minhas resoluções (pema primeira vez na vida uma lista de resoluções) para me curar desse mal
gostei muito de ler estas, são coisas que me passam pela cabeça
Obrigado :)
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