terça-feira, 21 de junho de 2011

Tide


"Não custa nada" enquanto o calafrio da dor lhe subia de dentro do corpo. Ele tinha olhos verdes. A mãe sempre lhe disse para não confiar em olhos verdes.
Correu-lhe por dentro, desbravando território por descobrir como que a fugir do relógio da mesa-de-cabeceira que de repente calara as horas. Cresciam dias por entre os dedos dos pés sem que o sol parpadeasse uma única vez através da janela.
Deixou-a usada com os restos na roupa da cama, o sangue a pintar a memória do que não se esquece. Foi-se embora e os olhos verdes também. Passaram-se anos e ainda assim não consegue evitar pensar nele sempre que lava a roupa da cama.

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