domingo, 9 de janeiro de 2011

Escritofilia


Uma característica das casas da rua em que moro é que a casa-de-banho de uma casa está pegada à casa-de-banho da casa ao lado. Por isso, e por alguma desconhecida propriedade acústica dos canos sanitários que trespassam uma fina parede que separa duas realidades, torna-se extremamente fácil a partir dessa divisão escutar a vida dos vizinhos, o que propência a uma espécie de voyeurismo auditivo. E às vezes dá-se o caso de um gajo ir apenas dar uma mija e acabar por ficar 15 minutos na casa-de-banho porque há o som de um chuveiro e de mobília e objectos a caírem por todo o lado, uma criança a chorar, um homem a reclamar e uma mulher a gritar "Eu não mereço isto, ouviste?".
Porque comecei a sentir-me extremamente baixo vim para aqui escrever qualquer coisa para fazer de conta que a minha cusquice faz parte de um processo literário e por isso é arte e por isso tenho desculpa e não sou tão mau assim. É que se não me conseguir enganar não consigo adormecer.

3 comentários:

T disse...

What... the... fuck

Diz-me lá uma coisa, tu és o pirussas? É que este tipo de bizarria geralmente vinha dele.

patrícia disse...

Oh T, so' a ti e' que te acontecem destas. ahahah

Alexandre disse...

caso para dizer "bela merda" de comentário.

mas indo ao que interessa, ouvir os vizinhos a fazer o amor é bem melhor e, devido à idade das paredes e chãos do prédio onde moro, não é preciso ir até à casa-de-banho.

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