sábado, 26 de junho de 2010

Alvorada

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Acordou, sacudiu as estrelas do cabelo (as que restaram da noite e do veneno), e bocejou uma pequena oração para afastar os demónios - já esquecidos - que viveram nos seus sonhos. No ar, o traço em tinta diluida do gesto em direcção ao maço de tabaco e ao isqueiro, o isqueiro preferido, o isqueiro preferido da colher, a colher preferida do tal veneno.

Olhou para o seu braço marcado de cicatrizes (como uma segunda pele), cada uma por cada pessoa que alguma vez lhe dissera o quão parecida ela era com a sua mãe. Cada uma por cada elogio aos seus olhos. Cada uma por cada homem e cada uma por cada beijo que o seu pai não lhe deu.

Quando a conheci já a tinham enterrado. O coração enferrujou antes da lâmina.


5 comentários:

Otário Tevez disse...

as tuas palavras
fazem-me pensar...

T disse...

Ainda bem, acho.

Ela disse...

fenomenal.

Anónimo disse...

es 1 gajo do caralho

Anónimo disse...

es 1 gajo do caralho

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