quarta-feira, 25 de março de 2009

Pensamentos Divergentes (nº39)

Chega ao local combinado, à hora combinada.
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"Vou ter de ficar à espera. Para variar."
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Senta-se em frente ao parque, no canto oposto da única figura tão solitária quanto ele. Geralmente é mais tímido e nervoso em relação a situações semelhantes, mas esta era uma das noites em que vestia a sua pele de lobo.
Guarda no bolso o baralho de personalidades com que joga, para além do maço de cigarrilhas.
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"É a última. Foda-se."
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Acende o vício desejando poder acender-se a ele próprio. Se a vida o consome, deveria consumi-lo num fulminante faiscar de paixões, e não nesta aberrante colecção de pequenos tempos mortos.
Subitamente, algo provoca a periferia do seu olhar. A lâmpada moribunda de um candeeiro próximo revolta-se intermitentemente, numa teimosia fútil que ele bem conhece.
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"É quase como um código morse. Ainda bem que nunca o aprendi como deve ser, acho que não quero saber o que o candeeiro tem para me dizer."

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