eu era uma vez
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
quarta-feira, 6 de novembro de 2024
segunda-feira, 6 de maio de 2024
quarta-feira, 14 de setembro de 2022
(puxa os atacadores
olha a audiência)
num palco de dor pronto a salivar
a dança que faço é uma chave que se contorce
tc-tc-trac
é medo que me move?
ou um holofote de enxaquecas de falsas revelações/
não gosto de amarras
mas o seu conforto dá descanso ao maxilar
(faz uma vénia
observa o horizonte final)
sei tudo num momento
e o momento foi-se.
terça-feira, 30 de agosto de 2022
Densamentos Pivergentes
Saudades
de fumar
de não vestir um fato que disfarça um facto,
a consciência livre ,
de que cada segundo de existência
é ridículo.
É no reflexo da morte que me vejo mais lúcido.
Que egoísmo.
Viver para lá da insignificância
para usufruir de mais um amor, mais uma amizade, mais um copo.
Como tudo devia ter acabado antes do começar.
Porque depois do começar
já só há um infinito.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2022
cada palavra que alguma vez disseste
é um condutor solitário.
mãos no volante e linhas verticais no horizonte,
pedal a fundo, luzes rubi,
cantando desde criança como se fosse oração
"queria estar noutro lugar que não aqui".
desde sempre que a água me chegava aos pés e parecia que afogava.
não havia salpico que não merecesse pânico.
uma constante sensação de um terror iminente, com noites sem dormida num quarto sem guarida.
é que alguns de nós saem do ventre e só conhecem o esventrar. cotoveladas de amor pelo caminho, cantigas de carinho no focinho e um punhado de sonhos para constelar.
e não é minha natureza. mas juro por tudo.
queria amar-vos a todos.
amar-vos como se ama e como alguns amam sem pensar.
amar como se respira, como se fosse intuição e sem que eu tenha de me ensinar.
amar como se fosse fácil.
como se fosse. inevitável.
mas o meu coração foi afagado em cimento
por homens com mais calos que eu e que usam máquinas em constante movimento.
e os dedos que uso são os dedos que escrevo,
mas dedos não chegam para escavar o pavimento
quando os joelhos esfolam no chão e todos vão olhar e ver só o não cabimento.
queria estar noutro lugar que não aqui.
não ter no sentimento esta lixa nem este rancor.
talvez aí pudesse estar ser melhor.
sexta-feira, 19 de novembro de 2021
não há guerra que traves que não tenha um trago a doçura
e eu aqui sem nada para oferecer se não linhas de costura num rosa fluorescente
vibrando em dores antigas disfarçadas de sabedoria - temporariamente
mas tu vais ver em breve
que tudo o que o tempo leve
nunca foi teu realmente
e não vale a pena fazer frente
porque o que eles dizem não se escreve
quarta-feira, 17 de novembro de 2021
quem é este que escreve
que não te via há tanto tempo
estás velho
e esse tumor no cérebro que antes seria uma egocêntrica metáfora
e agora é apenas um diagnóstico?
está tudo bem
mas nunca esteve bem
diz-me lá, quem fazes de conta ser
fugindo deste que ainda, ocasionalmente, te assombra
qual de nós o real
e qual o funcional?
está tudo como tem de ser
e tu vais sobreviver
revisitas porquê o fantasmas?
precisas de velhos mecanismos de defesa?
"é porque pensas demais"
"é porque bebes demais"
"é porque não cuidas da tua cabeça"
queres abrir a porta, jorrar tudo para fora, ver o que as palavras te trazem quando as enxovalhas e as arrastas por cima do teu ser, para ver no papel o que elas tiraram de ti e te observares ao microscópio porque foi a única forma que descobriste de te descobrir - como um carimbo de angústia no qual te debruças para ver se é mesmo em angústia que escreves ou se é algo mais.
mas basta isto. isto para que te odeies. para ver o narcísico em ti. a herança que não queres.
não te queres sentir esperto.
não te queres sentir maior.
quem é este que escreve.
terça-feira, 16 de maio de 2017
Pensamentos Divergentes (nº 347)
de todo o dialecto entre nós
quinta-feira, 30 de junho de 2016
Pensamentos Divergentes (nº 346)
vai-te merda foda-se o caralho da tiazinha,
que as profundezas do meu, uh, vasto intelecto, também me permitem uma eloquência bonitinha
esporra nessa boca olho de cu diabo te carregue
cogito e julgo que falando os dois assim, quiçá, dinamicamente, permitirá que a inteligência se pegue
come diarreia de um burro na açorda
- é a manipulação política das massas que permite este contexto de crise, não concorda?
caralhinhos te mordam nos ovários da avó
você dialoga como um entendido e fica aqui entendido o que eu penso da sua punheta rococó
eu não QI na tua esparrela
agora engasga-te na tua esporradela.
Pensamentos Divergentes (nº 345)
são aquelas particulazinhas
de nojo e verdade e mais nojo outra vez
nas periferias da garganta
que fazem a gente afogar a goela mês a mês
por isso venha um copo de whisky,
e batuca os silêncios no tampo da mesa
com esse orvalho de preocupações
que cuidadosamente borrifas na tua testa
sem perceber que sou eu quem se está
a borrifar
para ti.
quarta-feira, 25 de maio de 2016
os mortos não falam por isso cala-te
se tudo correr bem ainda vais fazer dinheiro depois de morrer.
encher a boca de pó em vez da barriga de vermes que armazenaste a vida inteira.
encher a boca de pó para cuspir o que não tiveste a dizer.
e quando as raízes das árvores fizerem música com os teus ossos todos vão festejar a ausência de culpa em não saber o teu nome, a tua profissão e o teu número fiscal.
e já não vai haver ninguém para se lembrar que se esqueceu de ti
e podes não ser, feliz, para sempre
porque o que morre é a lembradura de ti
mas o viver do teu esquecimento é eterno.
Pensamentos Divergentes (nº 344)
Perguntas-me porque bebo tanto.
Como quem pisa cuidadosamente cartuchos de tiros passados
para não acordar os pássaros que dormem no ninho.
Ou como os putos que fazem do coito um canto, de costas virados para que não lhes vejam o esconderijo.
E o vinho.
"Agora és tu a apanhar".
Fazemos de conta que se esquece, quando cada trago serve para recordar o que na sede nos enlouquece:
A verdade sobre nós tão difícil de expressar.
E a perder,
sem me perder,
faço a silenciosa aposta.
Porque as perguntas mais difíceis de responder
são aquelas às quais nós sabemos a resposta.
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Durmo
terça-feira, 7 de julho de 2015
Estava só. Li. Deu dó.
domingo, 14 de junho de 2015
Canção de embalar
O melhor é viver esta morte que pede colo de braços estendidos. Trocar a ordem do cagar e transformar a merda em ouro sem sujar as mãos. Não fosse ser português falar de tudo o que nos faz tristes sem mostrar mesmo o que nos vai na alma. Encobrir o pior com o apenas mau, um confortável leito de porcarias que fazem todo o sentido por sermos quem somos. Agora tapa a boca. Vai dormir.
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Dois segundos
sexta-feira, 10 de abril de 2015
Dragões e Castelos
Entra.
Há espaço que chegue.
E lá fora há um dragão para montar.
domingo, 29 de março de 2015
Quando o amor toca
quinta-feira, 26 de março de 2015
Trinca
Só quando saíste da minha boca é que ouvi o disparo.
Um reflexo no escuro.
Uma silhueta da alma de não-sei-quê a pairar entre os dentes. O cano do revólver a fumegar.
Tudo são palavras. Mas nos seus espaços o abismo. E pudéssemos nós entrar nele. Cortar a linha salva-vidas num gerónimo mudo e tropeçar no nada. Entrar nele para talvez não voltar.
Talvez aí fosse uma questão de tempo até que o tempo não importasse.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Com amor, M.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Resoluções de Ano Velho
- Prometo não ter engordado quilos que nem me dei ao trabalho de contar.
- Prometo que só fumei quando tinha mesmo de fumar e que isso é muito relativo.
- Prometo que não deixei de escrever. Porque foi por essa pessoa que te apaixonaste. E porque essa pessoa é das poucas em mim pela qual tenho algum respeito.
- Prometo que não te abandonei. Nem me esqueci de ti por um instante que seja.
- Prometo que não deixei de te apoiar naquele sábado de chuva em que precisaste.
- Prometo que não segui as pisadas do meu pai e que não bebi uma única vez para escapar de quem sou.
- Prometo que não deixei a minha alma solidificar.
- Prometo que não deixei de me esforçar por ser quem queria ser.
- Prometo que não fiz nenhuma promessa oca.
- Prometo não ter partido o teu coração e o meu 10 vezes que pareceram seguidas.
sábado, 13 de dezembro de 2014
O espelho
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Pensamentos Divergentes (nº343)
um ódio à medida na boca
o aperitivo ideal para o prato principal
drogas, mulheres e um punhado de nada
tudo o que me possa manter no centro da estrada
ó, vê como os pássaros fazem pouco
de ti, de mim e de um azul sem fim
enquanto o turismo do amor engorda a cada dia
um revólver com apenas uma bala como seu guia
mas os dias acabam em pandeireta
só se ouve o fim quando ninguém toca
A(u)ditivo
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
domingo, 16 de novembro de 2014
Não procurar
Não me leves a mal. Aliás, não me leves de todo se possível. Estou bem onde estou e tudo aquilo que digo deve ser tomado em intravenoso: gota a gota e nada se a saúde o permitir.