quarta-feira, 25 de maio de 2016

Pensamentos Divergentes (nº 344)


Perguntas-me porque bebo tanto.

Como quem pisa cuidadosamente cartuchos de tiros passados
para não acordar os pássaros que dormem no ninho.

Ou como os putos que fazem do coito um canto, de costas virados para que não lhes vejam o esconderijo.

E o vinho.

"Agora és tu a apanhar".

Fazemos de conta que se esquece, quando cada trago serve para recordar o que na sede nos enlouquece:

A verdade sobre nós tão difícil de expressar.

E a perder,
sem me perder,
faço a silenciosa aposta.

Porque as perguntas mais difíceis de responder
são aquelas às quais nós sabemos a resposta.



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