Aqui estou de avental, em frente ao computador, a beber uma cerveja enquanto faço uma pausa das lidas da casa. A minha namorada trabalha durante o dia e eu, como desempregado, tenho de ser útil para alguma coisa. Acabei de lavar a louça e daqui a nada tenho de começar a pensar em fazer o jantar - isto porque já estou entediado visto que ontem fiz limpeza e fui às compras, por isso não me resta muito que fazer hoje. Assim ela chega e tem a refeição pronta no final de um longo dia de trabalho e eu tenho alguma companhia. Somos um verdadeiro casal do séc. XXI, adoptámos a inversão dos papéis de género. Só faltavam os catraios para ficar eu a tomar conta deles, mas para isso servem os animais de estimação.
Não é que me importe muito. Não considero, pelo menos num plano intelectual, que hajam papéis específicos para homens e para mulheres. Mas estaria a mentir se dissesse que não tenho o ego um bocado magoado. Primeiro é a questão de não conseguir arranjar um emprego em nada de jeito e mesmo em coisas de pouco jeito (até no Starbucks me disseram que não estavam a recrutar). E depois é muito difícil isto de um gajo se livrar do que aprendeu a vida inteira, incluindo a noção de que é suposto ser o homem a principal fonte de dinheiro para o seu lar.
Suponho que não me posso queixar muito. Por enquanto tenho um tecto por cima da cabeça. Tenho comida. E tenho uma cervejinha de vez em quando e até tabaco para fumar. E todo o tempo do mundo para escrever.
Pensando bem se calhar vejo é mais um episódio de 30 Rock.
2 comentários:
Acho que é positivo tentares fazer alguma coisa da vida, não te sintas mal ou diminuído por isso.
podíamos abrir uma empresa de limpezas.
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