Diz-me para me sentar. Que de tanto estar em pé me devo estar a cansar e assim fico mais confortável. Calhou na fortuna das circunstâncias que o único lugar disponível seja perto dela; é uma tentativa ou talvez mesmo um pedido, por ora incompreensível, de proximidade - como quem não se apercebe da incomensurável distância que se entala por entre nós independente dos lugares que de momento habitamos. Não se trata da diferença entre as idades (que não é assim tanta). É antes a diferença entre as vontades e entre nossos pequenos elfos internos, condutores do desejo e das razões de viver. E é verdade que esse meu coração é vaidoso e facilmente seduzido pela hipótese de existir alguém que goste de mim. É a minha maior fraqueza, essa filha do desamor que sinto por mim mesmo. E por isso não é por crueldade ou frieza que recuso o convite mas sim pelo conforto de saber quem sou. Ser gostado seria o mesmo que perder-me em súbita indefinição. Prefiro ficar de pé, obrigado.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Terra firme
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23:54
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