Ia escrever um poema bonito qualquer sobre a minha inutilidade mas após a terceira tentativa de primeira quadra percebi que era inútil. Vamos ser crus.
Tenho 26 anos e nenhum talento real que possa usar na vida. Tirei um curso que não me serve para nada e hoje, só hoje, já nem sei se quereria que servisse. Perspectivas de futuro são nulas e o presente torna-se insuportavelmente enfadonho.
Não ando a conseguir escrever como quero. Perdi os calos dos dedos por ter deixado de tocar. Desenhar neste momento deixa-me enjoado só de tentar. Ando demasiado desmotivado para me permitir tirar prazer de coisas que, neste momento, encaro como supérfluas. Porque ou não sou suficientemente bom em tudo aquilo que me dá prazer, ou tudo o que me dá prazer não tem relevância para conseguir fazer a minha vida.
E por isso agora, qualquer tipo de actividade artística que eu possa ter aqui neste blog ou lá fora no mundo parece-me ser algo pequeno, muito pequeno. Já não me chega. E sempre que, no passado, cheguei a este ponto essa insatisfação forçou-me a derrubar tudo para tentar construir algo melhor. Mas aparentemente não tenho mais revoluções internas para batalhar.
9 comentários:
A batalha não tem de passar por 'derrubar tudo'. Olha para tudo sob uma nova perspectiva. Nem tudo o que parece pequeno agora o é verdadeiramente. O que tens feito por aqui, pelo menos, merece continuação.
porra, se ontem à noite tivesse tido sequer forças para escrever o que me ia na cabeça, juro que teria saído algo semelhante ao que aqui escreveste.
isto para dizer que te entendo. embora, saiba que de pouco ou nada sirva.
Elsa: estou habituado a mudar de perspectivas. Mas preciso de mais que isso.
Mónica: exacto.
acrescenta mais uns anos e ainda menos talento, e esse texto quase pode ser meu.
Registe-se que és brutal. Vale o que vale mas soube-me bem dizer-to.
o cliché do 'sei como te sentes' mas na verdade não sei totalmente, não é?
não desistas. acho que toda a arte tem valor e, mais, a tua arte tem valor. e ajuda muita gente
Porque é que temos o raio da ambição de ter um talento qualquer? É isso que estraga. Começamos a pensar que nunca vamos ser génios em nada e isso bloqueia-nos totalmente! Porque é que não queremos apenas fazer o que gostamos sem complexos de superioridade ou inferioridade? Este pensar nestas parvoíces só estraga, estraga...
Escrevo estas palavras irritadas comigo mesma, claro, porque também ando a sofrer do mesmo.
Obrigada por deixares aqui um espaço para os frustrados poderem desabafar ;)
Deixa-me dizer-te que nestes últimos dias não há dia que passe que eu não aqui venha ao teu Blog dar uma espreitadela na ânsia de ler um novo excerto daquilo que vai por essa mente... E que mente!
Continua assim pah e nada de desistir!
Tanta simpatia por aqui. Não estava à espera, obrigado.
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