A música toca no bar abafada por tantas outras que ecoam no meu cérebro. E os copos parecem mais melódicos quando vazios, mas vou-me aguentar um pouco mais que ter sede não é assim tão mau.
Calculo que até ao fim do mundo me restem dois ou três tragos da bebida habitual para empurrar a gulosa melancolia que me prende a garganta. Depois só me resta um momento fugaz de um véu que me cubra o coração, para o destapar e queimar. E é inútil este meu evitamento pois o destino está decidido, mas talvez consiga adiar mais um pouco e saborear o pouco que me resta da vida que conheço. E não sei se é medo ou incerteza que me agarra a este preciso copo, mas é certo que não adianta sair daqui sem o terminar.
Assim que terminar este copo ter-me-ei apaixonado irremediavelmente por ti.
2 comentários:
acho que me roubaste o pensamento. Tom Waits é genial. permite-me que te cite algures por aí quando estiver sentada a ouvir o que a música me dá, num qualquer bar.
muito bom.
Estás à vontade.
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