Aos 13 anos, por alguma razão que me escapa, tinha fama de cromo na escola que frequentava. Este mesmo assunto foi foco de conversa num intervalo em que coloquei de lado a cópia velha da Guerra dos Mundos do H. G. Wells que andava a ler para me entreter entre as aulas.
Estava na companhia dos "jovens problemáticos" e "rebeldes" da minha turma. Os repetentes com problemas comportamentais institucionalmente ponderados, sistematicamente explicados pelo ambiente familiar insalubre a que voltavam quando se retiravam das premissas do local de aprendizagem onde se reuniam ocasionalmente para "fazer a vida negra aos professores" ou para fumar tabaco ou droga atrás do ginásio. Estava lá, no entanto, uma rapariga que eu não conhecia e que, do que me lembro, teria feito parte de uma turma anterior de um ou mais dos meus presentes colegas. Lembro-me de ela perguntar aos outros (enquanto eu observava alguém a jogar à bola) se eu não fumava. Alguém lhe respondeu "Ele? Achas? Ele é um bem-comportadinho". Não satisfeita com a resposta abordou-me directamente e perguntou-me se eu era um marrão. Disse-lhe que não, sem estar muito convicto da resposta, porque para a forma de ela ver as coisas eu provavelmente encaixaria na definição de marrão - mas a verdade é que eu não só evitava o máximo possível estudar como odiava a escola e tudo relacionado com ela.
"Deve ser. Tens mesmo carinha de quem só quer tirar boas notinhas para agradar aos papás". Voltei a negar. Perguntou-me então o que fazia eu afinal quando estava em casa e antes de me dar oportunidade de responder, explicou (atirando fumo do cigarro para a minha cara) que quando ela estava em casa o que fazia era ouvir os pais a gritar enquanto o pai batia na mãe. Falou isto como quem me dava uma lição sobre a minha posição privilegiada. Depois disto perdeu todo o interesse em mim e voltou a concentrar-se no seu grupo de iguais.
Foi provavelmente a primeira vez da minha vida em que percebi que ia gostar de raparigas problemáticas.
Estava na companhia dos "jovens problemáticos" e "rebeldes" da minha turma. Os repetentes com problemas comportamentais institucionalmente ponderados, sistematicamente explicados pelo ambiente familiar insalubre a que voltavam quando se retiravam das premissas do local de aprendizagem onde se reuniam ocasionalmente para "fazer a vida negra aos professores" ou para fumar tabaco ou droga atrás do ginásio. Estava lá, no entanto, uma rapariga que eu não conhecia e que, do que me lembro, teria feito parte de uma turma anterior de um ou mais dos meus presentes colegas. Lembro-me de ela perguntar aos outros (enquanto eu observava alguém a jogar à bola) se eu não fumava. Alguém lhe respondeu "Ele? Achas? Ele é um bem-comportadinho". Não satisfeita com a resposta abordou-me directamente e perguntou-me se eu era um marrão. Disse-lhe que não, sem estar muito convicto da resposta, porque para a forma de ela ver as coisas eu provavelmente encaixaria na definição de marrão - mas a verdade é que eu não só evitava o máximo possível estudar como odiava a escola e tudo relacionado com ela.
"Deve ser. Tens mesmo carinha de quem só quer tirar boas notinhas para agradar aos papás". Voltei a negar. Perguntou-me então o que fazia eu afinal quando estava em casa e antes de me dar oportunidade de responder, explicou (atirando fumo do cigarro para a minha cara) que quando ela estava em casa o que fazia era ouvir os pais a gritar enquanto o pai batia na mãe. Falou isto como quem me dava uma lição sobre a minha posição privilegiada. Depois disto perdeu todo o interesse em mim e voltou a concentrar-se no seu grupo de iguais.
Foi provavelmente a primeira vez da minha vida em que percebi que ia gostar de raparigas problemáticas.
5 comentários:
(Por exemplo, eu gostei deste post também.)
(acho que aqui no teu blog descobri a cura para os meus comentários!)
Wooo!
Eh pá, gostei! "Assim como que nunca atirou fumo para a cara!"
...
Fui.
:)
. . .
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