segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Vida dupla


Na minha vida pessoal faço por ocultar (ou melhor, não faço por revelar) a toda a gente que tenho se quer a inclinação para escrever seja o que for, muito menos poesia. O que escrevo para mim é mais íntimo do que a maioria das interacções sociais a que me submeto e não tenho coragem de partilhar se não com uns poucos o que considero ser o meu eu real - ou a maioria de mim.
E agora ando a reparar que este blog com o tempo, mas particularmente na sua história mais recente, passou a ser mais dedicado à minha escrita e muito menos sobre o resto de mim. E eu não sei se esta ocultação não faz de mim menos "humano" e se não estou aqui a tentar fazer o reverso do que faço lá fora de forma a manter a(s) minha(s) identidade(s) sempre o mais possivelmente afastada(s) dos outros.
Tudo porque não quero que quem está la fora me conheça cá dentro e porque também não quero que quem está cá dentro me conheça lá fora.

Confirmando-se isto, esta minha experiência no blogger foi um falhanço pelo menos parcial.
E para ser honesto, este post não é se não um testar das águas - uma provocação a mim próprio para ver como reajo.

8 comentários:

um rapaz de blazer azul disse...

Todos nós quando criamos, e sendo também honesto acho que -a mal ou bem- é o que cada um de nós faz quando escreve/publica num blog, fazêmo-lo a pensar em nós próprios, para nós. Mesmo que inconscientemente, escrevemos ou partilhamos aquilo que realmente nos toca no nosso mais íntimo, quer seja imagens, uma música ou mesmo algumas palavras. É por isso natural que te dês a conhecer e que, quando te apercebas disso, queiras acabar logo com esse poço sem fim por onde te escapa aquilo que achas só a ti pertencer, se me faço entender. Ou por onde os outros que não te conheçam possam entrar sem tu analisares primeiro de onde, quando e para que fim vêm...

E é giro viver esta dualidade, não?

Very Best Hug, MrAmribeiror

T disse...

A mim preocupa-me viver em dualidades. Gostaria de ser uno.

Abraço.

Dias Cães disse...

Cristo, que foi Cristo, não agradou a todos. Por isso não exijas demais de ti. Concorrer contra nós mesmos é um esforço vão. É idiota. E cansa pra caraças!
Quanto à questão de cada vez escreveres (ou expores) menos de ti, isso pode ter duas leituras: ou já exorcizaste todos os teus demónios, ou então estão tão descontrolados que deixaste de lutar contra eles. Andam à solta até que um dia encontres maneira de os domesticar.
Como sabes, não nos conhecemos de lado nenhum, e eu gosto disso. Assim os teus demónios não são os meus e eu invento-te aqueles que bem entender. E acredita, não são maus de todo.

T disse...

Pois mas eu acho isso altamente perverso. Sei que é o normal, mas este vácuo de mim faz com que as pessoas me preencham com a imaginação delas, com coisas que não sou.
Não me agrada. Nem que seja por fazerem de mim maior do que na realidade e sinto-me desonesto.

je suis...noir disse...

" As próprias máscaras põem máscara; pôr uma segunda máscara é desmascarar-se."

T disse...

Bela citação. É de...?

je suis...noir disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
je suis...noir disse...
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