sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O lobo no rebanho


A lâmina fazia-lhe um bailinho cósmico, suspirando coisas bonitas dos momentos que haveriam de vir. O desejo pressionava-lhe a parte inferior do estômago, prestes a rebentar de antecipação em uníssono com o batuque do coração. Ia parir esse desejo ainda essa noite, baptizá-lo em veludo escuro e cuidá-lo com carinho. Já tinha aprendido o abraço quente do jorrar do sangue e o clímax do poder e do momento em que observava alguém deixar de ser. Após restava a paz e a curiosidade dos olhos que pareciam estar ainda vivos num corpo - numa coisa - imóvel. Depois, a desilusão do fim; Mas antes do fim, o estrebuchar do cordeirinho dava-lhe tanto amor... e ele era sedento por amor, nunca saciava.
Deus criara-nos à sua imagem. O Deus que restava nas mulheres era criar vida. O Deus que restava nos homens  - e principalmente nos homens como ele - era o de findar a vida. E ele reinava divino e fiel com um singelo Amém.

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