domingo, 13 de março de 2011

Pensamentos Divergentes (nº173)


Há que respeitar a sobriedade.
Há que lembrar que há assuntos sérios e os adultérios de uma alma livre são raramente aprovados pelos maiores de idade.
Há que, sem despeito,
ter em cuidado as crianças e os idosos,
os tristes e os ranhosos,
e principalmente as pessoas de bem
e de respeito.
Há que mentir todos os dias que a vida são dois dias e nenhum calha no fim-de-semana,
que quem mais sonha só tem arrelias
e que a conquista do mundo não se faz numa cama.

Afinal de contas, para que queres tu atingir a divindade.
De que te serve sorver a essência das estrelas e devolvê-las à liberdade
se és tu que acabas na ressaca do poder e da vaidade.
Porque haverias de em vida morrer o corpo a cada criação tua do cosmos
se nada é real.
E porque haverias de ser mortal.
Que é isso que te impede de te perderes no ritmo do teu próprio abandono,
de seres um contigo mesmo e de olhar para o mundo
como um recém-nascido que ainda
não está bem
mas quase
a entrar no sono.

Porque é que tens de fazer de conta e mascarares-te de humanidade
temente de um corpo nu,
se podíamos todos em honestidade virmo-nos em linhas de luz que se contorcem em dor de tão belas que são.
Porquê viver congelado e evitar recordar a cada instante a sensação
da primeira rapariga que te deixou tocar na pele do seu ventre
e do primeiro rapaz que te fez fraquejar as pernas só de passar ao teu lado.

Porque não podes conhecer o teu próprio segredo,
porque te deixas dominar pelo teu medo
quando podias beijar Deus nos lábios e sussurrar-lhe ao ouvido:
"Sou maior que tu"

"E o meu amor é de porta aberta,
olha como ele jorra de todo a parte.
E olha só como ele sempre acerta,
todos me são o acto amar-te"

5 comentários:

Alter Ego disse...

Gostava de saber pensar divergentemente como tu, sinceramente.

Anónimo disse...

este poema é uma das melhores coisinhas que escreveste nos últimos tempos. you gotta keep it real, bro. peace.

T disse...

Alter Ego: =)

F.D.P. - Nos últimos tempos não tenho escrito nada, provavelmente por isso terá saído algo tão alargado. Mas obrigado.

AL. disse...

Tu devias publicar um livro dos teus pensamentos divergentes, honestly.

Alexandre disse...

gostei. muito bem.

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