terça-feira, 19 de outubro de 2010

17 razões para o suicídio


Ele dormia ao lado dela - um gajo qualquer que tinha conhecido no bar na noite anterior. Olha com nojo para os pelos grossos e feios que lhe enfeitam os nós dos dedos das mãos e tenta lembrar-se se na noite anterior, no furor alcoólico e semi-libidinoso, também lhe tinham metido nojo. Chamava-se João ou Jorge ou Joaquim ou qualquer nome banal desse género e ainda por cima ressona. Lembrou-se que sim, tinha reparado nos pelos dos dedos e a tinham repugnado mas isso não lhe interessava ontem. Pegou num cigarro, roubado do bolso do casaco dele, e acendeu-o pensando Mata mas pelo menos não engorda. O telemóvel na mesa de cabeceira - dezassete chamadas não atendidas, todas da mãe. Foda-se.
Só queria um homem que soubesse lamber cona e ler-lhe o coração. E (já agora que decidiu sonhar) que não fosse casado. Um que ficasse ou, pelo menos, que ela quisesse que ficasse. Não podia ser tão difícil assim, o fedor a whisky e a sexo rápido e os remorsos do dia seguinte. Merda para eles, para todos eles. Que morram agarrados à pila.
Tomou o primeiro comprimido desse dia.

8 comentários:

Vasco disse...

Not bad, parece a entrada do rules of attraction. Andas a ler Bret Easton Ellis?

Abraço!

T disse...

Não mas devia.

Anónimo disse...

ADORO! :)

Maria Francisca disse...

gostei imenso. é parecido com uma coisa que escrevi, há algum tempo.

_ disse...

aplausos. mais nada e é tudo.

Alexandre disse...

continua? podia continuar.

(na verificação de palavras calhou-me "larizes", que é a fusão de larilas com narizes)

T disse...

Maria Francisca: Tenho de dar uma vista então.

_: =)

sacana: Tenho pensado nisso desde que comecei a escrever. Gostava de a conhecer melhor, pode ser que escreva mais algo sobre ela.

Maria Francisca disse...

é um bocado biiiiig. (http://aluzdaluanova.blogspot.com/2009/07/isqueiros-e-cigarros.html)

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