quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Pensamentos Divergentes (nº163)

Canção da Velha Demente

Dezoito anos e caracóis tão lindos
olhos nunca os tinham visto assim
Casei-me e fui infeliz para sempre
porque era o que esperavam de mim

Saí da casa de uns pais maldosos
p'ra ter a liberdade que o sangue me pedia
Enfiei-me na casa de um homem ainda pior
e ainda sonho com ela noite e dia

Tirou-me tudo esse mau homem
a juventude, a alegria e o pudor
Levei pancada, gritei e chorei
por obra e graça do Senhor

Meti-me no parapeito da janela
p'ra ser apanhada por um bondoso estranho
Mas as mãos que me colhem são sempre amargas
tiram do ventre a doçura e do coração o tamanho

Dois abortos e chá todas as tardes
foi o que Deus quis para mim
Mas se a minha vida foi tamanha miséria
a morte há-de ser um festim

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