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Uma coisa que não nos contam quando somos jovens é que o nosso coração não muda depois da adolescência. Não muito.
Crescemos, é verdade. Aprendemos muita coisa, se nos permitirmos a isso, e as nossas perspectivas alteram-se de forma brutal ao longo do tempo. A nossa personalidade consolida-se, ganha novos tons. É o mundo que mais muda à nossa volta, mas o peito fica quase o mesmo.
O meu amigo D diz que é aos 18 que deixamos de contar a nossa idade e é verdade. Ainda me vejo na minha cabeça como quando tinha 17 anos. Lembro com carinho o sentimento de desespero constante, as noites, as paixões novas a cada minuto, o fumo, as bebidas em copos de plástico e os comprimidos tomados em palma da mão.
Os lábios das raparigas ficavam mais bonitos. Os toques e os cantos escuros mais convidativos. Os amigos eram mais amigos, as mágoas eram da cor mais profunda, as alegrias brilhavam em supernova e os amores eram os mais lestos e pulsantes.
Tudo era eterno, tudo era efémero. Viviamos circunscritos em tudo o que alguma vez tinha existido e alguma vez existiria. Reinávamos as nossas terras de ninguém e jamais alguém poderia mudar isso, até que um dia mudou sem que se desse por isso.
Nunca ninguém nos falou disto. Nunca ninguém nos avisou que iamos ser sempre adolescentes, que nunca iriamos parar de crescer e que sempre quereriamos ser putos, sentindo-nos putos à mesma. E pior ainda, nunca ninguén nos disse que não há mal nenhum nisso.
6 comentários:
Adorei este, concordo vivamente.
adorei.
*love*
verdade.
Mas deviam ter-nos avisado que, com a idade, ele pode amargar. Acho que é disso que, depois dos dezoito, temos que ter cuidado.
uau
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