Na secção de economia do Público de hoje (não sei que me deu para ler a área de economia mas devia consultar o meu médico), há uma crónica de opinião por Dani Rodrik, professor de Economia Política na Universidade de Harvard, que fala no mito de que os regimes autoritários têm mais sucesso ou crescimento económico. Segundo ele trata-se de um mito pois por cada caso de sucesso económico em regime autoritário, há muitos outros de insucesso. As democracias, por outro lado, têm, com relativa consistência, um desempenho económico superior. Dani Rodrik explica também a aparente excepção da China, mas não quero deambular muito da conclusão central, muito melhor elaborada pelo autor, que é: a ditadura e o autoritarismo nunca fez nenhum bem a nenhum país e muito menos aos seus habitantes. A democracia é, até hoje, a marca do sucesso social e económico.
Tenho pena que este artigo de opinião esteja enterrado nos latifúndios intelectuais que são as páginas de economia, uma área cheia de estigmas e que escapa à vista e ao interesse da maioria das pessoas (onde eu estou incluido apesar de, como muitos economistas, usar óculos e ter profundos atrasos no meu desenvolvimento social). Tenho pena porque é um mito importante de desfazer pela mão de ferro com que domina os portugueses.
Tenho pena por causa das fastidiosas afirmações como "Um Salazar fazia bem à economia deste país" ou então o famoso, e por razões quase óbvias mais incinerante, "O Salazar é que fazia cá falta". Estes comentários, tanto quanto consegui averiguar durante a minha vida, provêm de três fontes diferentes mas não mutuamente exclusivas: 1) estúpido fervor direitista, 2) ingenuidade na repetição de máximas proferidas por outros e 3), a mais perigosa de todas, pura e docemente aceite ignorância.
Em relação ao período pré-revolução, há muito menos famílias a morrer à fome em Portugal. As crianças têm todas o direito e oportunidade de continuar na escola - são aliás obrigadas a isso. Já não temos de ter medo de falar uns com os outros, de estender a mão a outro ser humano. Temos acesso a conhecimento e a outros modos de vida. Vivemos mais tempo, vivemos melhor e mais saudáveis.
Tenho pena por causa das fastidiosas afirmações como "Um Salazar fazia bem à economia deste país" ou então o famoso, e por razões quase óbvias mais incinerante, "O Salazar é que fazia cá falta". Estes comentários, tanto quanto consegui averiguar durante a minha vida, provêm de três fontes diferentes mas não mutuamente exclusivas: 1) estúpido fervor direitista, 2) ingenuidade na repetição de máximas proferidas por outros e 3), a mais perigosa de todas, pura e docemente aceite ignorância.
Em relação ao período pré-revolução, há muito menos famílias a morrer à fome em Portugal. As crianças têm todas o direito e oportunidade de continuar na escola - são aliás obrigadas a isso. Já não temos de ter medo de falar uns com os outros, de estender a mão a outro ser humano. Temos acesso a conhecimento e a outros modos de vida. Vivemos mais tempo, vivemos melhor e mais saudáveis.
Não faz cá falta nenhum António Oliveira Salazar. O que faz falta é, como país, ultrapassarmos este síndrome de mulher batida que parecemos ter de querer voltar a quem nos trata mal porque não gostamos de nós próprios. Precisamos de ultrapassar o trauma e começar a falar nos meios de comunicação sociais, e principalmente uns com os outros, sobre como eram as coisas sob a sola do Botas.
A nossa democracia já tem 36 anos. Já devíamos ser crescidos que chegue para nos fazermos à vida e para nos recusarmos ao desejo de ter um paizinho que nos espanque quando somos maus.
4 comentários:
Nem mais! ;)
Não sei se leste, mas fica na mesma uma dica de leitura sobre o modo de viver dos portugueses & outras coisas: "Portugal hoje, o medo de existir", do filósofo José Gil.
Quantas vezes já ouvi essas afirmações e quando pergunto o porquê dou de caras com o nº 3.
Plasticine: Fico com a dica, obrigado =)
Carla: Olha que há muitos nº2 que nem são mal intencionados e são fáceis de confundir com o nº3. Mas sim, a vida parece cheia de nºs 3.
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