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Não quero falar.
Quero tudo menos falar.
Doem-me as solas das memórias de tanto falar.
Saem-me tortas, as palavras.
Os seus cantos bicudos magoam-me as palmas da mão,
por isso já nem a tento agarrar.
Falem vocês que eu vos ouço sem ouvir.
Falem até por mim, dou-vos a minha vez agora e para sempre.
Gastem a língua até ao fim do mundo,
o que sobrar fica só para mim.
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