quarta-feira, 10 de março de 2010

Coisas que me acontecem

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Estava a caminho do meu trabalho, cigarro acabado de acender. No passeio entre duas estradas estava um homem idoso nos seus 70-e-muitos anos, talvez 80-e-poucos. Parecia desorientado e parecia querer parar cada carro que passava, esticando a mão na sua direcção. As pessoas já tinham notado a estranheza daquilo mas não se tinha tomado nenhuma atitude.
Após um momento de hesitação, atravessei a passadeira para falar com ele. Cumprimentámo-nos, perguntei-lhe se estava tudo bem, se precisava de ajuda, se estava à espera de alguém. Ele disse-me que estava tudo bem e que estava realmente à espera de alguém. Para me certificar perguntei se estava à espera que alguém o fosse buscar e se tinham combinado ali, naquele local. Mais uma vez disse-me que sim, mas bolas, parecia mesmo perdido.
Quando cheguei ao trabalho telefonei à polícia, disse onde se encontrava e dei a sua descrição, não fosse realmente ter algum tipo de demência e estar desnorteado. Asseguraram-me que alguém iria passar por lá para ver se estava tudo bem com ele ou se precisava de ajuda para ir para algum sítio.
Entretanto não me sai um peso na consciência por não ter insistido mais com ele e continuo preocupado. Não sei se quando passaram por lá ele ainda lá estava, não sei se está bem ou não, não sei se foi tudo parvoíce minha, não faço ideia do que possa ter acontecido. Detesto sentir que não fiz tanto quanto podia.

Ainda por cima ele fez-me lembrar o meu avô.

5 comentários:

Laura disse...

Hey, acho que muitas vezes sentimos que poderiamos fazer mais do que fizemos. Mas a verdade é que pelos vistos foste a única pessoa que se dirigiu ao velhote, penso que a simples preocupação de o teres feito e de teres ligado á polícia ja serve de muito :)

Efê disse...

Desculpa a pergunta, mas isso passou-se em que cidade?

T disse...

Évora

Anónimo disse...

Não sei porquê, não me parecia a tua escrita normal T. Tá tudo bem?

T disse...

No momento em que escrevi aquilo podia não estar normal, ou com menos atenção à escrita. Escrevi por necessidade de escrever e pronto.

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