terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Expira

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A tristeza bafejou-lhe o peito, embaciou-lhe o coração. Desejava morrer mais uma vez, sentir o aperto vago e sincero de um repouso sem repouso. Sofre ao viver por a vida lhe ser incerta; a existência dos outros magoam e ainda assim sente angústia na ausência dos outros.
É mulher. Bonita. Talvez demasiado bonita. Já usaram o seu corpo vezes demais, vezes que bastem para que se tenha habituado. O desejo dos homens preenche-lhe momentaneamente o vazio que sente. E como se sente particularmente vazia, começa a subir-lhe aquele calor nas coxas. Procura uma nova dose, procura sentir algo que não esse desespero em lume brando que lhe aperta o pescoço sem o êxtase de um novo amante.

E ela sabe, sem saber, o que é o amor. Pois tudo o que conhece é desespero.

2 comentários:

Vanessa Quitério disse...

Poderei apelidar de lindo!

Genuíno, profundo

Acarretas em cada palavra a brutalidade de uma realidade sem fim.

Tens pinta para isto, T.

Um beijo
V.

Alexandre disse...

gosto disto

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