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Se eu fosse melhor poeta,
sentiria a caneta na mão
como a extensão da tinta preta,
Mais que sangue, mais que uma greta
onde todos os mundos nascem e morrem,
e onde nada se mantém ou se liberta.
Se eu fosse melhor poeta,
a minha vida seria a minha arte
e em toda a parte a minha obra completa
Nas minhas palavras a emoção discreta
saberia circunscrever um valor maior,
e todos os meus versos rimariam.
Se eu fosse melhor poeta, que não sou,
conseguiria escrever sobre as tuas coxas
inconstantes
curvilíneas
em meras oblíquas alíneas num caderno de pé na cova.
Se eu fosse melhor poeta, quem me dera,
lançar em fitas o meu desafogo, este desassossego louco,
esta ansiedade palpitante que não me deixa descansar
como se mais uma linha, mais um verso,
mais um pensamento desconexo me pudesse curar
do grito afiado, cintilante, que baila na estante
de uma goela dentro de mim que não consigo alcançar
ou estrangular.
É que é este silêncio oco que me afoga,
o silêncio de quem devia estar a ouvir mas não ouve
sempre à procura, sempre com fome
sempre à procura, sempre com fome
Se eu fosse melhor poeta,
sentiria a caneta na mão
como a extensão da tinta preta,
Mais que sangue, mais que uma greta
onde todos os mundos nascem e morrem,
e onde nada se mantém ou se liberta.
Se eu fosse melhor poeta,
a minha vida seria a minha arte
e em toda a parte a minha obra completa
Nas minhas palavras a emoção discreta
saberia circunscrever um valor maior,
e todos os meus versos rimariam.
Se eu fosse melhor poeta, que não sou,
conseguiria escrever sobre as tuas coxas
inconstantes
curvilíneas
em meras oblíquas alíneas num caderno de pé na cova.
Se eu fosse melhor poeta, quem me dera,
lançar em fitas o meu desafogo, este desassossego louco,
esta ansiedade palpitante que não me deixa descansar
como se mais uma linha, mais um verso,
mais um pensamento desconexo me pudesse curar
do grito afiado, cintilante, que baila na estante
de uma goela dentro de mim que não consigo alcançar
ou estrangular.
É que é este silêncio oco que me afoga,
o silêncio de quem devia estar a ouvir mas não ouve
sempre à procura, sempre com fome
sempre à procura, sempre com fome
De quê?
De mais uma palavra abalroada pelo bater taquicárdico de um coração? De mais um nó no laço fino que ato ao pescoço e que prende às minhas costas o peso de um mundo que nunca é meu?
De mais uma palavra abalroada pelo bater taquicárdico de um coração? De mais um nó no laço fino que ato ao pescoço e que prende às minhas costas o peso de um mundo que nunca é meu?
Tudo para que um dia me enterrem juntamente com os dedos e a boca.
E os dedos de um morto não escrevem.
E a boca de um morto não fala.
E tudo o que fui e poderia ter sido é menos que pó, e tudo o que fiz é menos que um sussurro no vácuo.
"Nunca foi feliz, coitado. Escrevia para tapar o buraco. Agora está lá enfiado e tapamo-lo nós com terra. Olhai por ele, Senhor; Tu sabes sempre o que a nós nos convém."
Quando eu morrer, matem-me também esta ânsia mais a pressa de viver.
E para o caso de me enganar, enrolem-me num lençol de linho com uma caneta com a qual eu possa escrever.
3 comentários:
Poético!
São poemas assim que me fazem sentir um inútil e um completo fracasso na poesia.
Parabéns pelo talento que tens!
Vê se o aproveitas bem! :D
estou sem palavras!
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