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Cresci numa casa com piano.
As teclas pretas e brancas foram presenças habituais na minha infância. Bem como o som que gritavam e que faziam ecoar pela casa.
Algumas das minhas memórias mais antigas são precisamente do meu pai, sentado num banquinho de estofos pretos, em frente a uma partitura. Martelando as notas com os seus dedos.
Mas há notas que recordo de forma mais particular que outras.
Desde que me lembro que o meu pai tenta compôr a mesma música. Ano após ano ouvi a mesma sequência interrupta de notas, a sua grande obra inacabada, até ficar para sempre decalcada em mim.
Ainda hoje a toca, ainda incompleta. Ao fim de cerca de 30 anos ainda procura terminar a sua grande epopeia musical.
E aterroriza-me mais do que consigo exprimir o pensamento de que o meu futuro poderá ser idêntico ao seu.
Dia sim, dia não, só para me recordar do meu pesadelo, o piano volta a soltar aquele maldito conjunto de notas.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Tecla Cinzenta
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T
à(s)
21:55
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1 comentários:
Acho que a constipação te fez bem à arte.
Quanto ao resto, não quero comentar.
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