terça-feira, 5 de maio de 2009

Pensamentos Divergentes (nº49)

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A noite quente tentou convidá-lo. Mas até a pausa para o tabaco instituida pela rotina da ansiedade lhe parecia amarga, como um orgasmo doloroso que só serve para que exista o desejo da sua morte adiada.

As estrelas nocturnas há muito que se tinham zangado com ele. Deixaram de lhe falar quando decidiu trocá-las por uma vida normal e sóbria, igual às restantes.
Quis também comungar com uma qualquer das criaturas da noite com quem pudesse conversar, mas nenhuma apareceu ao encontro.

Hoje, é um amante irresponsivo. Dá voltas no seu carrosel interno, centrado nas viagens e sentimentos que só ele tem acesso. Acredita que mais ninguém compreenderia o borrão de luzes de cores diferentes que ele, na sua posição singular, pode observar.
Ao mesmo tempo, não as partilha por medo de que estas não sejam tão especiais como pensa.

É, evidentemente, apenas mais um idiota. E por vezes apercebe-se disso, embora ninguém o suspeite.

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