Devido ao meu encontro hoje com a vida selvagem, relembrei-me de algo. Acho que foi por uma das criaturas ter parado por instantes, a olhar para mim.
Tinha cerca, senão exactamente, 14 anos quando ouvi pela primeira vez falar no Dilema do Ouriço-Cacheiro.
Trata-se de uma analogia para algumas pessoas com problemas de intimidade:
O ouriço-cacheiro procura aproximar-se de outro da sua espécie, de forma a aquecer-se no Inverno. No entanto, quanto mais se aproxima do outro, mais se magoa com os seus picos (magoando também, por seu turno, o outro ouriço).
A Wikipedia diz-me que o termo foi inventado por Schopenhauer e utilizado também por Freud para sugerir que a intimidade humana não pode ocorrer sem que haja um mútuo danificar do outro.
Esta analogia serve então como explicação de comportamentos de introversão e de isolamento. A Pessoa-Ouriço é um indivíduo que sente de forma crescente dor, ou o medo da mesma, com a aproximação do outro. Poderá também permanecer a consciência de que, ao aproximar-se de algum outro que lhe seja querido, estará apenas a magoá-lo com os seus picos.
Ao fim de quase 9 anos, este tema ainda ressoa muito em mim e eu queria que não ressoasse, foda-se.
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