Há algo de catártico no acto de escrever.
Nas últimas semanas tenho-me perguntado imensas vezes porque escrevo e mais concretamente porque escrevo aqui, sujeito a olhares e julgamentos externos (embora me tenha protegido mais ou menos através de um nome de código e da identificação de conhecidos através de letras do alfabeto).
E acho que existe mesmo algo de terapêutico na escrita. É um despejar de angústias internas, uma espécie de defecar da alma na esperança de que, ao soltarmos os nossos sentimentos selvagens ao mundo, algo (n)os acolha e (n)os contenha nesta experiência de se ser. E de se ser verdadeiramente; nús perante o outro e perante nós.
O Nuno diz-me constantemente: "Escreve para ti e não para os outros". Mas é impossível não escrever para os outros. Escrevemos para os outros porque procuramos uma espécie de identificação no outro, uma ligação ao resto da humanidade. Pelo menos é o que eu faço.
- Escrevo por mim, para os outros.
.- Escrevo por mim, para os outros.
E isso implica medo. Implica febre. Implica uma ansiedade da leitura dos outros, do sucesso e insucesso, se é que tal pode ser definido na escrita. E nos blogs isso está em particular relevo através dos comments, dos seguidores e das estatísticas do site.
No entanto, os blogs também são uma forma fácil de arranjar a "moca" de escrever. É uma descarga rápida, de simples acesso, e penso que por isso tanta (toda a) gente tem blogs.
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Mesmo assim, vejo tanta coisa aqui que vem do exterior.
Não só no meu blog... nos outros que leio a regra é, mais ou menos, estável.
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Gostamos de partilhar as alegrias e não as dores. Quando alguém está alegre queremos logo saber porquê... para sermos contagiados por essa aura de felicidade - "Então, porque estás tão animado?".
Por outro lado, quando alguém está em baixo dizemos "Não penses mais nisso", no medo que o outro nos contagie com a sua angústia. Com medo que a dor do outro desequilibre este delicado balanço que mantemos para funcionar no dia-a-dia, mascarados para o outro no carvanal da existência mundana.
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Da mesma forma, observo que a maioria dos posts animados, gozões, têm bastante receptividade nos comments. Os posts que não são assim... geralmente caem no silêncio, na ausência da partilha.
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Por isso, talvez esteja errada a minha teoria sobre escrever na esperança de encontrar um contentor.
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Ou talvez esteja certo.
Afinal de contas, a vida é feita de procuras.
1 comentários:
às vezes limitamo-nos a partilhar silenciosamente. é menos... sei lá, evasivo do que comentar os posts mais depressives.
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