Às vezes quando paro durante momentos, apercebo-me que andamos à deriva. Todos tentamos fugir de nós próprios, tentamos encontrar um Eu melhor em um outro. Agitamos os braços como loucos tentando-nos agarrar, nem que seja com garras afiadas, a outra pessoa que nos salve desta vastidão que temos dentro de nós e que ameaça cobrir-nos onda a onda, até ficarmos sem pé.
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Ao mesmo tempo, desde que me lembro que sempre tive uma imensa necessidade de me tentar compreender a mim mesmo, de investigar de forma científica e analítica (e até mesmo, por vezes, tortuosa e massacrante) o que faço, o que sinto, porque o faço e porque o sinto.
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Procuro algo em mim, não sei o quê nem porquê.
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Talvez seja por isso que, desde bem cedo, comecei a beber sofregamente música, arte, literatura, filosofia, psicologia, física, biologia, religião... à procura de algum profundo significado, à procura de algum mapa das minhas constelações internas que me permitisse dar-lhes significado e navegar como conhecedor de mim mesmo.
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E como quem anda às escuras durante muito tempo acaba, inevitavelmente, por tropeçar, eu também já me deixei cair em abismos. Já me fechei em mundos dentro de mundos dentro de mundos. O que faz com que me sinta constantemente como um fantasma: parte de mim aqui, e parte de mim no Além.
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Eu acho que isto acontece com todas as pessoas... mas se calhar é só porque acontece comigo e prefiro pensar que não sou uma raridade estatística, ou pior - que há algo de "errado" comigo.
1 comentários:
Não és o único a procurar respostas para o que somos. Quem tenha o mínimo de cérebro questiona-se sobre isso mesmo. Uns mais que outros... Talvez tu mais do que muitos outros. Mas não sei até que ponto queria ser totalmente ignorante sobre o que sou, penso que estaria a perder algo verdadeiro a que tenho direito.
So...keep goin' ;)
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