quarta-feira, 6 de novembro de 2024

 entre soluços de futuro incerto

nova vida

nova morte

o que faço o que faço o que faço o que faço o que faço o que faço

segunda-feira, 6 de maio de 2024

por isso quero que me digas

sem segredos nem intrigas

quem joga hoje

quem fala alto?

aquele ali é um dos nossos

vai desaparecer antes de ser?

ou temos, algum de nós, a hipótese de entrar em foco durante segundos antes do afogar da batida?

vi-te a brincar com um filho imaginário


ainda nos vão apanhar

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

(puxa os atacadores
olha a audiência)

num palco de dor pronto a salivar
a dança que faço é uma chave que se contorce

tc-tc-trac

é medo que me move?
ou um holofote de enxaquecas de falsas revelações/
não gosto de amarras
mas o seu conforto dá descanso ao maxilar

(faz uma vénia
observa o horizonte final)

sei tudo num momento

e o momento foi-se.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Densamentos Pivergentes

Saudades 

    de fumar

de não vestir um fato que disfarça um facto,

                 a consciência livre ,

    de que cada segundo de existência 

é ridículo.

            É no reflexo da morte que me vejo mais lúcido.


Que egoísmo.


        Viver para lá da insignificância

para usufruir de mais um amor, mais uma amizade, mais um copo.


                        Como tudo devia ter acabado antes do começar.

 

Porque depois do começar

                    já só há um infinito.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

cada palavra que alguma vez disseste
é um condutor solitário.

mãos no volante e linhas verticais no horizonte,
pedal a fundo, luzes rubi,
cantando desde criança como se fosse oração

"queria estar noutro lugar que não aqui".

desde sempre que a água me chegava aos pés e parecia que afogava.
não havia salpico que não merecesse pânico.
uma constante sensação de um terror iminente, com noites sem dormida num quarto sem guarida.
é que alguns de nós saem do ventre e só conhecem o esventrar. cotoveladas de amor pelo caminho, cantigas de carinho no focinho e um punhado de sonhos para constelar. 

e não é minha natureza. mas juro por tudo.

queria amar-vos a todos.
amar-vos como se ama e como alguns amam sem pensar.
amar como se respira, como se fosse intuição e sem que eu tenha de me ensinar.

amar como se fosse fácil.
como se fosse. inevitável.

mas o meu coração foi afagado em cimento
por homens com mais calos que eu e que usam máquinas em constante movimento.
e os dedos que uso são os dedos que escrevo,
mas dedos não chegam para escavar o pavimento
quando os joelhos esfolam no chão e todos vão olhar e ver só o não cabimento.

queria estar noutro lugar que não aqui.
não ter no sentimento esta lixa nem este rancor.
talvez aí pudesse estar ser melhor.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

não há guerra que traves que não tenha um trago a doçura

e eu aqui sem nada para oferecer se não linhas de costura num rosa fluorescente

vibrando em dores antigas disfarçadas de sabedoria - temporariamente


mas tu vais ver em breve

que tudo o que o tempo leve

nunca foi teu realmente

e não vale a pena fazer frente

porque o que eles dizem não se escreve


quarta-feira, 17 de novembro de 2021

quem é este que escreve

que não te via há tanto tempo

estás velho

e esse tumor no cérebro que antes seria uma egocêntrica metáfora

e agora é apenas um diagnóstico?

está tudo bem

mas nunca esteve bem

diz-me lá, quem fazes de conta ser

fugindo deste que ainda, ocasionalmente, te assombra

qual de nós o real

e qual o funcional?

está tudo como tem de ser

e tu vais sobreviver

revisitas porquê o fantasmas?

precisas de velhos mecanismos de defesa?

"é porque pensas demais"

"é porque bebes demais"

"é porque não cuidas da tua cabeça"

queres abrir a porta, jorrar tudo para fora, ver o que as palavras te trazem quando as enxovalhas e as arrastas por cima do teu ser, para ver no papel o que elas tiraram de ti e te observares ao microscópio porque foi a única forma que descobriste de te descobrir - como um carimbo de angústia no qual te debruças para ver se é mesmo em angústia que escreves ou se é algo mais.


mas basta isto. isto para que te odeies. para ver o narcísico em ti. a herança que não queres.


não te queres sentir esperto.

não te queres sentir maior.

quem é este que escreve.

terça-feira, 16 de maio de 2017

Pensamentos Divergentes (nº 347)


de todo o dialecto entre nós
           e as estrelas e as mós 
faz-me espécie este saber de não sabendo
correndo entre os vértices da barriga do não dizer

estás? o que estás? 
estás aquilo que sei que estás mas que posso estar errado?

dói-me a planta do pé da existência e da insistência do doer de existir.

cai-me só em eco no colo
           ((((e faz de conta faz de conta faz de conta faz de conta que))))
duas mãos são o que basta para mudar o mundo

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Pensamentos Divergentes (nº 346)


vai-te merda foda-se o caralho da tiazinha,
que as profundezas do meu, uh, vasto intelecto, também me permitem uma eloquência bonitinha
esporra nessa boca olho de cu diabo te carregue
cogito e julgo que falando os dois assim, quiçá, dinamicamente, permitirá que a inteligência se pegue

come diarreia de um burro na açorda
- é a manipulação política das massas que permite este contexto de crise, não concorda?
caralhinhos te mordam nos ovários da avó
você dialoga como um entendido e fica aqui entendido o que eu penso da sua punheta rococó

eu não QI na tua esparrela
agora engasga-te na tua esporradela.

Pensamentos Divergentes (nº 345)


são aquelas particulazinhas
de nojo e verdade e mais nojo outra vez
nas periferias da garganta
que fazem a gente afogar a goela mês a mês

por isso venha um copo de whisky,
e batuca os silêncios no tampo da mesa
com esse orvalho de preocupações
que cuidadosamente borrifas na tua testa

sem perceber que sou eu quem se está
a borrifar
para ti.



quarta-feira, 25 de maio de 2016

os mortos não falam por isso cala-te


se tudo correr bem ainda vais fazer dinheiro depois de morrer.
encher a boca de pó em vez da barriga de vermes que armazenaste a vida inteira.
encher a boca de pó para cuspir o que não tiveste a dizer.
e quando as raízes das árvores fizerem música com os teus ossos todos vão festejar a ausência de culpa em não saber o teu nome, a tua profissão e o teu número fiscal.
e já não vai haver ninguém para se lembrar que se esqueceu de ti
e podes não ser, feliz, para sempre
porque o que morre é a lembradura de ti
mas o viver do teu esquecimento é eterno.

Pensamentos Divergentes (nº 344)


Perguntas-me porque bebo tanto.

Como quem pisa cuidadosamente cartuchos de tiros passados
para não acordar os pássaros que dormem no ninho.

Ou como os putos que fazem do coito um canto, de costas virados para que não lhes vejam o esconderijo.

E o vinho.

"Agora és tu a apanhar".

Fazemos de conta que se esquece, quando cada trago serve para recordar o que na sede nos enlouquece:

A verdade sobre nós tão difícil de expressar.

E a perder,
sem me perder,
faço a silenciosa aposta.

Porque as perguntas mais difíceis de responder
são aquelas às quais nós sabemos a resposta.



sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Durmo


Destes nossos gestos sem lei, vimos uma regra mais antiga que o tempo beijar a fronte dos nossos antepassados. Nada mais que grilos falantes, tentando afastar a noite com canções de insónia enquanto os soldados da miséria cosem novas cordas nos seus lábios, com o único propósito de tocar violinos de amor não falado.

E perguntas-me tu que espero eu retirar do balde que faço descer no poço. Que posso eu trazer à luz do buraco escuro que me sustem a sede.

Mas quando a máquina terminar o seu trabalho e as viúvas retornarem a casa, serão os botões a pratear as pálpebras com que teço o meu fim. Porque a olhar para o mundo, um dos pestanejares será o último. Só que eu não sei qual.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Estava só. Li. Deu dó.


Se podíamos ter feito diferente.

Talvez. Mesmo que não tivesse feito a diferença, podíamos ter feito diferente. Transformar os infinitos entre os átomos e os vazios de crença que caem em cascata sempre que não nos falamos a nós mesmos. E um ao outro.
Saber dizer-te, a um ritmo só. Saber que te dizer quando perguntas sem falar que foi que me aconteceu para ser como sou... sem me querer mudar, claro. Se foi o que me fizeram que me fez como sou.

Nada aconteceu, na verdade. O mesmo que a ti. O mesmo que a todos nós.

Foi só um espirro estelar. 

domingo, 14 de junho de 2015

Canção de embalar


O melhor é viver esta morte que pede colo de braços estendidos. Aceitar de bom grado o trago de tristeza que adormece a boca e ensurdece o embalar de amor do sono que evitamos. Passo a passo sem pisar as falhas - na dança de quem não consegue aguentar mais um único olhar. Esticados em linhas de som, à espera de secar no vazio do sempre. Tudo melhor que ficar preso a esta veia de dentes cerrados e fome de começar de novo, começar de novo, começar de novo.

O melhor é viver esta morte que pede colo de braços estendidos. Trocar a ordem do cagar e transformar a merda em ouro sem sujar as mãos. Não fosse ser português falar de tudo o que nos faz tristes sem mostrar mesmo o que nos vai na alma. Encobrir o pior com o apenas mau, um confortável leito de porcarias que fazem todo o sentido por sermos quem somos. Agora tapa a boca. Vai dormir.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Dois segundos


Quero chegar a velho para olhar para ti nos olhos e dizer:
"Olha para nós. Capazes de saltar grandes edifícios, mas ainda não aprendemos a encurtar a distância entre os dois estalidos de vida que os nossos corpos criaram".

Quero ainda antes disso aprender a usar a linguagem de um beijo a uma língua só. Falá-la sem que seja preciso outra boca e com essas palavras húmidas de nada dizer tudo o que não precisa de ser dito mas que precisa ser ouvido, antes que as ondas cheguem e arremessem os nossos ossos pela crosta terrestre, fazendo do nosso planeta uma maraca solitária em torno de um sistema solar.

Quero dormir em flores em pranto. Fazer de tudo o meu sol-e-dó.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Dragões e Castelos


Tira as pedras de dentro dos ouvidos e ouve-me gritar.

"Não, mãe. Eu não quero mais ervilhas. E não me mintas: lá fora há um dragão para eu montar".

A primeira vez que me lembro de lembrar, é à mesa. Dias em que em que a tristeza escorria lentamente em gotas nas janelas enquanto raspava o prato, plástico como a casa em que morámos. E se a tristeza não chovia cá dentro não é por causa da longa mentira de que as crianças só sabem ser felizes. Era porque ainda não tinha altura que chegasse para lhe abrir janela.

Mas é como toda a gente diz. Os miúdos crescem rápido.

Aos 8 anos. Foi aí a primeira vez que me lembro de querer morrer. E a partir daí, aprendi a não o dizer. Porque o trabalho de um adulto é proteger a criança do mundo. O trabalho de uma criança, é proteger os pais dela própria. E do que ela faz um adulto sentir.

Está tudo bem. Esteve sempre tudo bem. São só coisas da minha cabeça.

Porque o meu coração é um T4, com duas aurículas e dois ventrículos onde qualquer um pode morar sem se fazer ouvir. E o meu amor é um ventríloquo que só grita pela boca dos outros. À espera de sussurros de ecos que queiram morar entre paredes, saltitando até ao tecto para um dia rebentar.

Entra.
Há espaço que chegue.

E lá fora há um dragão para montar.

domingo, 29 de março de 2015

Quando o amor toca


Dá-me um amor que não se cala. Um amor que me acorde pela manhã antes do despertador tocar e que me mantenha acordado de noite até à exaustão. Um ruído persistente que não deixa o coração em paz e que ponha os vizinhos a bater nas paredes em desarranjo. Quero um sofrer incómodo que fale mais alto que tudo o resto. Um barulho que afogue todos os outros. Até que um de nós ensurdeça.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Trinca


Só quando saíste da minha boca é que ouvi o disparo.

Um reflexo no escuro.
Uma silhueta da alma de não-sei-quê a pairar entre os dentes. O cano do revólver a fumegar.

Tudo são palavras. Mas nos seus espaços o abismo. E pudéssemos nós entrar nele. Cortar a linha salva-vidas num gerónimo mudo e tropeçar no nada. Entrar nele para talvez não voltar.

Talvez aí fosse uma questão de tempo até que o tempo não importasse.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Com amor, M.


Fui a única a segurar a tua mão enquanto morrias. 

Os teus olhos de medo flutuando à tona dos teus verdadeiros azuis, como se mais nada alguma vez tivesse existido. Rodopiando em lentos carroceis avariados, num movimento sincronizado com o teu primeiro - e último - sorriso ao contrário. 

É sempre essa a parte que me deixa mais triste. E é também a minha preferida. O amor é mau quando acaba. Mas acaba sempre. 
Eu sempre precisei de companhia. Mesmo que breve, mesmo que não desejada. Ser amada de volta é raro, mas é bom ter alguém para desejar.

Em troca, podes esquecer todas as tuas lutas e dívidas. Que a última dívida que cumpres, é aquela que te dão ao nascer.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Resoluções de Ano Velho


Não sei, nem nunca saberei, como é com as mulheres. Mas tornas-te num homem quando tens medo dos homens que vieram antes de ti. Principalmente quando esses homens foste tu mesmo.

Há algo de perverso nas resoluções de ano novo. São promessa que, do hábito de não se cumprirem, se fazem e se quebram sem que pese a consciência. Porque o resultado é o mesmo, apresento-te as minhas 10 resoluções de ano velho, na esperança que faça a diferença a pelo menos um de nós.

  1. Prometo não ter engordado quilos que nem me dei ao trabalho de contar.
  2. Prometo que só fumei quando tinha mesmo de fumar e que isso é muito relativo.
  3. Prometo que não deixei de escrever. Porque foi por essa pessoa que te apaixonaste. E porque essa pessoa é das poucas em mim pela qual tenho algum respeito.
  4. Prometo que não te abandonei. Nem me esqueci de ti por um instante que seja.
  5. Prometo que não deixei de te apoiar naquele sábado de chuva em que precisaste.
  6. Prometo que não segui as pisadas do meu pai e que não bebi uma única vez para escapar de quem sou.
  7. Prometo que não deixei a minha alma solidificar.
  8. Prometo que não deixei de me esforçar por ser quem queria ser.
  9. Prometo que não fiz nenhuma promessa oca. 
  10. Prometo não ter partido o teu coração e o meu 10 vezes que pareceram seguidas.

Um brinde ao ano velho.

sábado, 13 de dezembro de 2014

O espelho


Contam-se pelos dedos o número de ossos que parti a esmurrar paredes. E tua cara lá pintada a vermelho, beijando em mudo as tuas eternas palavras. Um ódio que cresce, mas não aparece - a velha história do costume, com duas pernas que lhe falham e uma memória que já não é o que era. Para que fique acordado à espera de esquecer esta indigestão de sonhos. Este ouriço-cacheiro de lutas à flor da pele.

Deixa-me como a meia solitária no canto do quarto. Como o depósito de vinho barato no fundo do copo. Lançando desejos às costas de camelos para atravessar o Deserto que Sara deixou.



terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Pensamentos Divergentes (nº343)


um ódio à medida na boca
o aperitivo ideal para o prato principal
drogas, mulheres e um punhado de nada
tudo o que me possa manter no centro da estrada

ó, vê como os pássaros fazem pouco
de ti, de mim e de um azul sem fim
enquanto o turismo do amor engorda a cada dia
um revólver com apenas uma bala como seu guia

mas os dias acabam em pandeireta
só se ouve o fim quando ninguém toca

A(u)ditivo


Semáforo. Luz. Passadeira. 

Ninguém dava por nada enquanto enviavas o teu amor em tanques de guerra fazendo marcha-atrás por toda a cidade. Tentando fazer piruetas só com os cotovelos e meio bolso de fé. Como as centopeias de palavras que te habitavam o cérebro. Como as senhas varridas do chão do supermercado. 
Como a primeira vez que sentiste que um beijo não tinha sido uma arma.

Todo o vazio à tua volta para te dizer aquilo que já sabias. Todos têm uma canção entre as orelhas que mais ninguém consegue ouvir. E o problema não é morrer sozinho. É não ter quem a oiça a tempo.

domingo, 16 de novembro de 2014

Não procurar


Não me leves a mal. Aliás, não me leves de todo se possível. Estou bem onde estou e tudo aquilo que digo deve ser tomado em intravenoso: gota a gota e nada se a saúde o permitir.

sábado, 25 de outubro de 2014

Aeroporto


Só quando saíste é que dançou o pó que me alcatifava o pensamento.
Dois pássaros ou dois leões. Um animal contra o outro ou é amor ou morte. Nunca a indiferença do universo. Aquilo que chamamos de paz.

Descansa o atordoar dos lábios. 
Enquanto o mar pestanejar
haverão sempre salpicos a beijar as tuas pernas.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Deslize


Sempre seguindo os teus movimentos. Piso as tuas pegadas para que o chão por baixo de mim não rompa, afogando-me em doçura. 

Há quem diga mal do gelo. Da sua frieza. Mas há dias em que ele é a única coisa que nos mantém vivos. 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Menina Chorona


Lisboa vê-se encharcada em lágrimas. Sem saber se de rir ou de chorar, decide que o melhor é rir para não desabar. 

Enquanto isso, os ratos entram em desambandono por não terem nada flutuante para abandonar. Carros confusos travestem-se de jangada e chapinham em lagoas improvisadas, como calhaus com bóias de aprendizagem na natação. Sirenes histéricas uivam de minuto a minuto e o lobo avisa pedro que a repetição é que o vai danar. E na minha rua, os putos a cantar:

Chuva Chuva vai-te embora
vai depressa e sem demora,
Vai bater a outra porta
que a vizinha já está morta
Morreu de susto a coitada
depois de morrer afogada,
Chuva Chuva vai-te embora
que quem nada vai na hora.


sábado, 6 de setembro de 2014

Pensamentos Divergentes (nº 342)


Às vezes,
quando a terra vem ao de cima,
perco o chão.

Um travo a cereja no túmulo da boca.

Como as luzes que vêm ao nosso encontro,
que nem faróis à procura de um porto seguro.

Somos só contentores.
Vazios sem o saber.

Sesguidores