quarta-feira, 2 de maio de 2012

Baratas e como o barato sai caro


Há pessoas que fazem da tristeza o seu triunfo pessoal. Lançam suspiros que são leões esfaimados para devorar quem se encontre no seu caminho. E nós temos tendência para admirar o sofrimento e as pessoas que sofrem, mas esse não é o problema. O problema é que não sabemos de forma colectiva reconhecer uma pessoa que sofre propositadamente por só sentir que tem valor e que é amada quando têm pena dela e reconhecer que isso é mau e deve ser eliminado da nossa cultura em vez de reforçado. Até lá, teremos sempre uma grande parte da nossa população que prefere ser um bicho pisado pelos outros do que tentar ser feliz e arriscar a fracassar. Porque a miséria podemos tê-la sempre como garantida, mas num jogo de sorte (ou azar) tomamos decisões que não se sabe no que vão dar.

11 comentários:

Plasticine disse...

Posso roubar isto. para o meu blog?com os devidos créditos, claro ;)

T disse...

Claro.

Então qual é o seu próximo nome disse...

epa, não é questão de tentar ser feliz, é questão de pura e simplesmente sê-lo.

T disse...

Falas como se fosse uma simples passagem ao significado das palavras. Não tens em conta os vícios e os ciclos em que nos encontramos todos e nem nos apercebemos.

Teresa Margarida Costa disse...

Mais uma vez... Direto, afiado e pertinente... gosto

Rui Pi disse...

As pessoas que sofrem têm sempre temas de conversa mais envolventes e com mais emoção, o que, de forma aparente, torna as pessoas mais interessantes.
Uma pessoa feliz e de bem com a vida pode contar as suas experiências de vida e até pode suscitar o interesse dos seus pares pela sua forma de viver, mas numa conversa de café, é sempre mais fácil ouvir e falar com o coitadinho da mesa do que com aquele que acorda e adormece com um sorriso na cara. O ser humano tem um gosto estranho por aquilo que é mau, pelo que é coitadinho e pobrezinho e sofrido. O que é que me interessa se atravessaste a rua e chegaste ao outro lado inteiro? Tem muito mais piada contares a historia de quando foste atropelado por um autocarro.

T disse...

Não concordo nada contigo, Rui. Há uma diferença entre discurso de comiseração e entre alguém que consegue alegremente contar as peripécias dramáticas do passado com leveza por estarem, precisamente, no passado. E eu na verdade acho muito mais interessante falar com essas pessoas que encontram alguma ordem no mundo.
Estava antes a referir-me à nossa cultura de auto-vitimização. De pessoas que no fundo, mas bem lá no fundo, fazem tudo para serem infelizes apesar de quererem ser felizes. Poder-se-á discutir que este traço na nossa cultura vem da nossa história religiosa e na crença de que pessoas sofredoras serão de certa forma mais recompensadas e por isso vale a pena sofrer. E eu acho que o português é muito assim: admira-se quem está na merda e critica-se quem parece estar feliz na vida. Estás a perceber?

Rui Pi disse...

o comentário que fiz foi em tom irónico. Como é óbvio, não acho os mais sofredores mais interessantes. Mas a realidade é que num grupo de gente um tanto ou quanto básica (como há tanta), conversa de gente sofrida e infeliz é conversa muito mais desenvolvida do que conversa de quem está bem na vida.

É mesmo isso que dizes... talvez seja da cultura de os mártires serem recompensados.

T disse...

Peço desculpa então, ainda não bebi suficientes cafés hoje para estar lúcido.

Rui Pi disse...

Estás desculpado. Reza 5 avé-marias!

T disse...

... MOTHERFUCKER!

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